quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

ASAS DE PORTUGAL

“NOSSA SENHORA DAS ASAS” Capela da BA1 Sintra (Granja do Marquês) – Cerâmica de Lena Perestrello.

NOSSA SENHORA DO AR
Em Suas mãos detêm
Com amor celestial
De puro
e terno olhar
Com o carinho
de Mãe
- AS ASAS DE PORTUGAL





Do aviador Resguarda
As Asas
qu’ele mereceu
Com orgulho sem igual
Ostentando
em sua farda
Farda qu’a Pátria
lhe deu:
- Com ASAS DE PORTUGAL!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

MÃE PORTUGUESA

MÃE PORTUGUESA!
MÃE DE PORTUGAL
- em que pensais?

Na teia da vida
que fiaste...
ou nos dias
que te restam
e nada mais?
DOBASTE
dia a dia,
o sol da vida!
TECESRE,
em sonhos,
tanta ilusão!
AMASSASTE,
com o suor
do trigo,
o pão!
SEMEASTE,
com amor,
a terra querida!

FOSTE A HISTÓRIA,
o sofrimento
FOSTE A GLÓRIA,
o testamento!
FOSTE O PASSADO!
ÉS A ESPERANÇA;
a criança
no sorrir!
ÉS O FUTURO:
- O PORVIR!

VIVESTE
alegrias
e desejos;
SOFRESTE
a agrura
e a tristeza;
FOSTE CARÍCIAS
e beijos;
FOSTE TERNURA
e beleza!
TEUS FILHOS
são Teu fruto
e são semente.
ÉS MULHER!
Que melhor riqueza
terias Tu,
certamente
do que seres
eternamente
MÃE PORTUGUESA!


QUE MAIOR PRAZER
QUERERÁS TER?
QUE SONHOS TEUS?
QUE IDEAL?...
PODERES SER
um dia igual
À MÃE DE DEUS?!...
MÃE DE PORTUGAL!

sábado, 5 de dezembro de 2009

ETERNA DESCONHECIDA

Os aviadores portugueses
te evocam
(para o Além)
e te eternizam!...


As lágrimas de mulher;
de mãe;
de dor
sensibilizam
(em ti),
a lenda
e o amor!...


Te exaltam
humilde e recolhida
anónima rosa
chorosa esquecida...


E te recordam
conhecida
(que foste)
ETERNA DESCONHECIDA!

domingo, 22 de novembro de 2009

AS PORTAS DO CÉU

As portas do Céu
abrem-se de par em par...


Caminho descuidado
liberto do pecado
tranquilo
puro
fugindo do asilo da terra,
da inquietude do mar,
do pesadelo do passado;
olhando o céu
o futuro.


As cores garridas da vida
agora esmaecidas,
fundem-se sob um véu obscuro
encobrindo as dores sofridas
do Mundo
e, de degrau em degrau,
em alvorada
por eles me encaminho
no horizonte profundo
para o Além!


No alto
a Cruz, simbolo de Cristo,
luz que se ergue ao olhar
numa imagem de Belém,
numa Aleluia de Páscoa;
em que o mal
(por milagre)
se redime em bem!...


Então... a voar
não resisto
à esperança,
à fé,
à caridade;
e, numa visão
a sonhar
caminho,
pé ante pé
devagar
com segurança
tranquilo
confiante
na ETERNIDADE!

sábado, 14 de novembro de 2009

PRECE DE UM HERÓI



Meu Deus!
Eu não Vos peço
O reino da terra,
Nem o domínio dos mares,
Nem a imensidade celestial!


Eu não Vos peço - Senhor
A glória dos heróis,
Nem a fama dos sábio,
Nem a bondade dos santos!


Eu não desejo que me Dês
O que eu não mereça - Senhor


Não quero a eternidade da vida,
Nem a memória dos séculos!
Não quero o prazer,
Nem a dor,
Nem a guerra,
Nem a paz!


Quero apenas - Senhor
Que a luz do Céu
Me ilumine no caminho
Da honra,
Da fé,
E da coragem!...


Dedicado ao alferes pára-quedista MANUEL JORGE MOTA DA COSTA, morto em Angola – Bungo – em 8 de Maio de 1961.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O VOO MAIS LONGO

Naquela manhã…
Alegre
Esplendorosa
Sobre o cálido mar
No azul dos céus
De asas prateadas
Qual pássaro gigante
Se erguera
Num último adeus...


Tudo era calmo
Em seu redor:
A brisa costumada;
O céu azul;
O mar sereno
das praias de Luanda
Envoltas
Em tépido calor!...


Nisto!
Uma sombra negra
Surge no sul...
Não tardou
O estrondo!
A ave
Com a “CRUZ DE CRISTO”
Ornada
Jamais se fizera
Ouvir...


Duas vidas

Para o
“VOO MAIS LONGO”
Acabavam
De
Partir!...



(Acidente Aéreo em LUANDA – Mussulo- 29/5/1965)Ten.Pilav Aníbal Nunes de Magalhães e 2º Sarg. Pil Manuel Júlio Ferreira da Silva.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

DIA DO ARMISTÍCIO



Às 11 horas e 11 minutos, há 91 anos os combatentes em França concordaram em parar de lutar!

Este acto levou a Paz a uma Europa devastada pela guerra, que acrescentou fome, miséria e injustiça a muitos milhões de pessoas, que em muitos casos sentiram, na pele, a privação, o sofrimento e a dor!

As hostilidades iniciadas em 1914 arrastaram-se até 1918 e terminaram com a assinatura da Paz, o denominado Tratado de Versailles!

A Primeira Grande Guerra ou simplesmente Grande Guerra teve a participação de Portugal, num período crítico da sua História, caracterizado pela instabilidade política e vazio de poder que levou a uma situação de abandono das Tropas Portuguesas, concentradas no Corpo do Expedicionário Português - CEP, que se debatiam em condições difíceis e tenebrosas, especialmente nos campos da Flandres!

Muitos desses valorosos combatentes pereceram aí, lonje da sua Pátria e das suas gentes e foram sepultados no denominado Cemitério Português de Richbourg, em Armentières.

Na primavera seguinte, os campos da Flandres antes adubados com sangue, cobriram-se de vermelho...com milhares de papoilas, celebrando a seiva renascida dos que aí tombaram!

sábado, 7 de novembro de 2009

O VOO MAIS ALTO

Libertei-me dos elos rudes da terra
e vaguei sorrindo, em asas prateadas!...

Subi visando o sol, em louca correria
e achei-me, em sonho, entre nuvens doiradas
de alegria confundido!...


Voei...
Planei...
Amei meu sonho e de perdido
me achei!

Alto, bem alto,
Num silêncio que o sol acalenta,
repousei!

Segui o vento do destino
através da imensidade da aragem!

Voei...
Voei...
Mais alto
cada vez mais alto
e no azul profundo, delirante,
flutuei!

Lá, nas alturas,
onde o vento tem o aroma do infinito
e jamais cotovia alguma ou águia se acharam,
me achei!


Senti-me no vácuo!
Sem maldade;
sem agruras;
sem tristeza;
longe da terra
perto da certeza,
achei o deseto celestial...
o paraíso...

...então:
estendi meu braço;
olhei minha mão;
vi o rosto de Deus
e no Seu sorriso achei meu coração!...

domingo, 1 de novembro de 2009

O VENTO DIVINO

Voo pela estrada da vida
ainda consciente
e vivo
rumo ao túmulo dos mortos...


O vento Divino
sopra-me a alma
num zumbir
inqietante
de loucura:
- é o meu testamento!


Os halos do sol
iluminam-me o pensamento
de audácia e juventude:
longe da amargura:
dos desaires do Mundo;
da inquietude!


Como num sonho profundo
voo em direcção
à nuvem clara de esperança,
mas, sem esperança
condenado por acção da sorte
na missão guerreira:
- à morte!


Meu coração
saudade
que balança
palpitante
e não se cansa
por alcançar, na vida
o poente
da humanidade!


Levo comigo
a flor da cerejeira
E canto
o Hino do “Sol Nascente”
nesta longa viagem:
a derradeira,
a caminho da ETERNIDADE!...

sábado, 31 de outubro de 2009

O VOO DERRADEIRO

(Elegia)

Ao eterno Céu
voaste
Amigo e companheiro
Mais cedo que o futuro
Tão perto ainda do passado
- Partiste primeiro...


Estás presente
coração amargurado
Recordo-te
E nós te recordamos
Saudando-te
Para além dos voos
Neste teu voo
- O Derradeiro!...
Ao grande amigo T.Cor Pilav João AntónioGomes daCosta David, vítima de acidente aéreo, em Belas (29/6/1995)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A DEUS CHEGOU

EVOCANDO OS MORTOS DA AVIAÇÃO Base Aérea Nº 1 – Sintra (Granja do Marquês).
Monumento em homenagem ao Major Castilho Nobre – (Primeiro Director da Aeronáutica, que morreu voando).

No silêncio azul dos espaços
Tantos sonhos
Ele sonhou.
Sonhos, que teve nos braços
Nos voos,
Quando voou!...




...e mais alto onde subiu;
mais longe onde chegou...
Ninguém soube!
ninguém viu!


....



Só soubémos que partiu
e que nunca mais voltou!...




...e quando Deus, o chamou
daquele voo imortal...
Quem era? Lhe perguntou!
respondeu: - sou PORTUGAL!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

VILA NOVA DA RAINHA

Berço da Aviação

O sonho de Ícaro
tornou-se realidade...
Fora aventura
loucura
ansiedade
Fora vitória
glória
liberdade
Foi ventura
que ultrapassou a memória.
Foi feitura
que mudou o rumo à História!


Fora «grandíssima» a «ousadia»
Ao se «cometer o Céu Supremo»
Em tão «insana fantasia»...
D’um Olimpo, sonho profundo
Do extremo a outro extremo
Voámos todo o Mundo!


Como Titãs escalámos
O Luso azul etéreo
E Cruzes de Cristo levámos
Como outrora rotas certas
Sobre mares em espaço aéreo...
Novo rumo às Descobertas!


Fomos também «Pioneiros»
No horizonte aventura
Do tempo dos Marinheiros...
Com audácia força estóica
Sulcando nuvens altura
Fomos «Tempo da Heróica»!


Vila Nova da Rainha
«Berço da Aviação»!
Ali se forjou a espinha
D’um sonho - hoje imortal
Onde nasceu o coração
Das asas de PORTUGAL!...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

PORTUGAL A CHAMAR

No silêncio azul do espaço
e o infinito olhando
Oiço, ao longe,
o rufar marcial de tambores
voando...


É a juventude que abraço
é o ardor;
o amor Pátrio;
a missão!
É o ruído de motores...
uma canção!...


É tudo quanto me desperta
na alvorada da vida,
dura
é certa!


É o som de um clarim
saindo dentro de mim:
estridente
confiante
no trinar
no voar...


É o alerta
do presente!
É um alerta
vigilante!
É PORTUGAL
a chamar!...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

MINHAS ASAS




Toquei com as asas – o espaço –
No vasto e longe céu da ventura
Em corcel lesto, de penas d’aço,
Buscando halos de sol, em aventura!



Relâmpagos de coragem valentia
Num turbinoso sonante de calor
Luzindo esperança ousadia
Na Sacrossanta Cruz, do meu fervor!



Os ventos do Destino – nas alturas –
Soprando feição, no azul infindo,
Dissiparam-me dúvidas agruras



Do inconstante sonhar, em ilusão...
E ao acordar feliz – vi sorrindo –“Minhas asas” num fremir de coração!


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ACADEMIA DA FORÇA AÉREA



FORÇA AÉREA
ACADEMIA
Sois de Minerva
e de Marte
Sois no futuro
ousadia
Sois da Pátria
baluarte!


CRUZES DE CRISTO
elevas
Mais alto
perante Deus...
Sóis rasgando
as trevas
Asas brilhando
nos céus!


Cadetes
sempre alerta!
Alerta!... Alerta
imortal!
Sois memória!
Sois história!
Sois o sol

de PORTUGAL!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

AO ALUNO PILOTO

…Os vossos olhares tímidos
perdidos no azul celeste
procuram...
envoltos de ânimo
de juventude
ânimo de titãs
escalando o céu
vislumbrar...
nas laudas épicas do ar
o raio fulgente
que emanado das asas prateadas
iluminará...
mais alto
mais além
e para sempre
a Sacrossanta
«CRUZ VERMELHA DE CRISTO»...
simbólico esplendor
de PORTUGAL
nos voos...
de paz
de guerra
através do Mundo através dos tempos!...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O JURAMENTO DO AVIADOR

Juro
e
jurarei!…
que depois de descolar,
no ar...
não ficarei!


Juro
e
jurarei!...
que ao convívio
de aviadores
não “borregarei”!


Juro
e
jurarei!...
que o voar;
o viver;
o amar;
e o beber;
não recusarei!


Juro
e
jurarei!...
que apesar de asas ter,
“anjinho”?
nunca serei!



(Festa do “Pilotaço” Aeródromo de Sta. Cruz – 1981).

sábado, 17 de outubro de 2009

100 ANOS DE AVIAÇÃO EM PORTUGAL



Assinalam-se hoje, precisamente 100 anos sobre a primeira tentativa de projecção no espaço no nosso País, de um objecto mais pesado que o ar e dotado de um meio de propulsão motorizado.
Esse acontecimento teve lugar no Hipódromo do Bom Sucesso, em Belém
Eram cercas das duas e meia, duma tarde ventosa de Outuno, quando o biplano «Voisin Antoinette», tendo aos comandos o jovem piloto e construtor francês, Armand Zipfel, se preparou para o grande desafio, perante uma multidão entusiasta e incrédula.
Minutos depois na pista improvisada, curta e não plana, assiste-se a uma saída imponente do aparelho que se ergue no ar , vindo a cair desastrosamente sobre o lado direito, momentos depois!
Apesar de se tratar de uma experiência mal sucedida, não deixou de marcar um momento histórica para a aviação, em Portugal.
Pelo seu simbolismo e magia, não quis deixar de realçar este facto e vergar-me perante a memórias por todos aqueles que no «etéreo» contribuiram com estoicismo, audácia e valentia para elevar o nome de PORTUGAL!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

PORTUGAL - TIMOR

21 de Dezembro de 1934

Meio século
é já passado!...
Feito histórico
registara
Nossa EPOPEIA
DOS ARES
Quando, em engenho
alado,
A CRUZ DE CRISTO
voara
Mais longe:
Terras... e Mares


Fora calvário...
glória
O longo tempo
voado
Da Amadora
a Timor
Voo que ficou
na História...
Nobre feito
recordado
Por tão grande
o seu valor!


Viram em voo audaz,
aventureiro...
TIMOR!... Longínquo
PORTUGAL
«Que das belezas
faz alardo»...
Em dia de Inverno:
- o primeiro;
P’la vez primeira
(num porvir de Natal)
«O CRUZ, O LOBATO E...
O LEOPARDO»!



Avião “LEOPARDO MOTH” de 12ocv “DILI” – (Viagem aérea iniciada na AMADORA, em 25/10/1934, por
Humberto da Cruz e Gonçalves Lobato).

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

BASE DO LUMIAR

(Pelicano Petrus, Ilha Grega de Mykonos)


I

BASE DO LUMIAR é Unidade
Cujo lema tem por arte
Saber que é humildade
O poder agasalhar-te!


II

Sua missão principal
É o dever de apoiar
permitir ao pessoal
Segurança e bem-estar!


REFRÃO

PELICANOS!
PELICANOS!
Mesmo de peito
a sangrar
Saberemos
sem enganos
Apoiar!
Apoiar!
Apoiar!
PELICANOS!
PELICANOS!
Alerta!Alerta voar!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

À BASE AÉREA Nº 4 - LAJES

Sim!…
Justiça seja feita
à Base das Lajes!
Alerta no Atlântico...
Qual açor pairando vigilante
sobre as ondas do mar
Tenta cumprir,
custe o que custar;
Sua missão;
Seu próprio lema;
“PARA QUE OUTROS VIVAM!”...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

DESPEDIDA DO "CHIPMUNK"


Voaste alto velho “Stuka”
Foste “Macaco” do ar
Dizendo como se educa
Quem quereria voar!


Vistes tantas “chatices”
Com as tuas asas cor d’aço
Sofrendo as “pardalices”
Que te dava o “pilotaço”!


Velho “Chip” que aturaste
A “Malta” na instrução
A todos nós tu deixaste
O teu sabor de avião!


Por isso a ti “Chipmunk”
Num adeus que faz memória
Dir-te-ei deste palanque
Que alcançaste a vitória!


Tens hoje a tua glória
Ao partires da nossa frota...
Ficarás sempre na história
De: Aveiro, Sintra e Ota!


Adeus oh “velho guerreiro”
Que não soubeste perder
Foste entre todod – primeiro
“CUMPRINDO ALÉM DO DEVER”!



OTA – BA2 – (Base Aérea Nº 2) – 30/9/1989.
(Poema lido pelo locutor Fernando Pessa durante o evento)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

ASSOCIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS

A farda
de azul celeste
Com orgulho
vestiste
Passageira de ilusão
que soubeste
Servir na juventude
e serviste
Em plenitude
com tanta ACÇÃO!


Foste semblante
que sorriu
À PÁTRIA
em seu garante
De alma
e coração
Que se viu
e se sentiu,
Por vibrante
da nobre AVIAÇÃO!


Foste ardor
calor da NAÇÃO!
Valor
de artistas
Que foram
e serão...
Porque a FORÇA AÉREA
ainda são:
ASSOCIAÇÃO
DOS ESPECIALISTAS!


À AEFA – Associação dos Especialistas da Força Aérea

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O AVIÃO... O FUTURO... A CRIANÇA...


(Aos meus netos)


O AVIÃO...
O FUTURO...
A CRIANÇA...


O SONHO...
A VIDA...
A ESPERANÇA...



Num avião de papel
voei, um dia,
em pequenino...


Meu avô
homem velhinho
tão velho
todo branquinho
me fizera,
me dera
um avião de papel
um balão
e um cordel!...


Eu não sei, porquê?
Não sei bem?
Talvez soubera
minha mãe,
porque o fizera!
Tão velhinho
ele já era
e não havia aviões...
haviam barcos e tanques
haviam guerras canhões
haviam lutas e mortes
haviam só revoluções!


Porque o fez?
Se fez bem?
Só soubera
minha mãe!...


Eu era tão pequenino...
Nas aves via o voar
a elas queria chegar
querendo-as imitar
com o avião de papel
e o balão de menino
suspenso por um cordel!...

Mais tarde,
muito mais tarde
Meu avô
homem velhinho aos céus havia chegado
e eu ficara sòzinho
com meu sonho de menino
meu avião de papel
um balão
e um cordel!...


E do sonho de menino
me transformei rapazinho
e de rapaz
homenzinho!


Mas, um dia recordando...
o avião que em menino
me dera meu avôzinho
quando já era velhinho
e eu era pequenino
Me fizera pensar
sonhar - voando...
os céus poder alcançar
- em vida -
e não sonhando
poder um dia, aos céus
chegar
como ave voando...


E então,
ver afinal
meu sonhar
meu ideal
sabendo porquê?
Porque um dia:
Meu avô
homem velhinho
tão velho
todo branquinho
me fizera
me dera,
um dia,
um avião pequeninho
um avião de papel
um balão
e um cordel!...


Porque o fizera?
Não sei?
Minha mãe
não me dissera!


Agora,
hoje sei!
e já não sou pequenino,
que voar é liberdade
é vencer ansiedade
é reviver mocidade
o meu sonho de menino!...





Meu avô
homem velhinho
Lá no Céu
está vigiando
o sonho do seu menino...
tão velho
e tão sòzinho
ele vai suspirando,
enquanto eu vou voando
o meu sonho de menino!...



E hoje
já homenzinho
o avião pequenino
meu avião de papel
um balão
e um cordel
eu trago sempre comigo!...
É o meu maior amigo
esse avião de papel
que meu avô
me deixou
e um dia transformou:


O MEU SONHO...
MINHA VIDA...
MINHA ESPERANÇA...

NO AVIÃO...
MEU FUTURO...
NO MEU SONHO DECRIANÇA!...



Aos meus netos: Tiago, Diogo, Maria e Martim.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

NA ESTEIRA DA RECORDAÇÃO

Partimos d’outro Sagres
e voámos
Algures sobre o sertão
reencontrado,
Surpreso vasto infindo
por nós achado
de alma e coração


“A ÁFRICA, farta de não existir ainda!
farta de ser subúrbio de si própria!”
farta de apodrecer no interior;
de ser terra-mato
e ser adubo do futuro!
ávida por ver sorver civilização!...


O que era, não poderia durar mais
porque era pouco ou quase nada!
(Algo viria a ser! - se fosse?
E viria a ser tudo?!)
...E hoje, é ‘inda o que é!
e eis tudo!...


(É tudo?!... E ainda, não é nada!)
“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena”.
(disse o Poeta: - uma vez!)
A ALMA fora grande...
e grande é ter-se sido
e o ser-se PORTUGÊS!...


Navegadores:
Descobridores:
Sertanejos-Aviadores: - nós fomos!
descendentes “D’ESSES” - Os Primeiros
- Fomos “PIONEIROS”
ao aproximarmos terras p’lo ar!
ao levarmos a terra aos povos
e povos a verem mar!...


Os anos voaram
prata!...
Anos, que já lá vão:
de juventude e glória;
de ilusão e história!
- Somos AVIAÇÃO!...


À Amizade
que o tempo não mata
junta-se, a nós, a Saudade
Nessa hora, que é - Verdade!
Quão forte é: RECORDAÇÃO!...



25º Aniversário do A. B. 3 (Aeródromo Base Nº 3 – N’GAGE – ANGOLA (Base do Lumiar, 15/2/1986).

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ÁFRICA

ÁFRICA
mar de terra infinda…
Onde as ondas
são vento esverdeado
Ondulando o capim
e o sertão;
Onde o princípio
é fim inacabado
(de um ali... um ainda)
Onde o silêncio do dia-a-dia
é mais que noite-escuridão!...


ÁFRICA
De intranquila certeza
E de inóspita salubridade;
Da incógnita surpresa
Duma virgem-natureza
Fingindo irrealidade...


Um negror de inquietude
Do sol mais que escaldante;
Onde o labor é tão rude
E o – sem saber – a virtude
D’um intrépido emigrante...


ÁFRICA:
Eterna longa saudade
De um acenar mutilado
Qu’atraiçoou a verdade
Ao ter servido a vontade
De um valor inacabado...


Mar tão distante do Mundo
Sulcado por imperdão
Num regresso tão infundo
No magoar mais profundo
Que só rasgou a Nação!


ÁFRICA
África nua!...
Mar de terra infinda
do além...
(que não é minha,
nem tua)
Mas que, por ser de todos,
ainda é de ninguém!...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ANGOLA



ANGOLA
cansada da Guerra
“que quanto mais come
e consome
menos tanto se farta...”
Revolvendo terra
a terra
em caos;
em morte;
em fome
Tendo tido, a má sorte,
- qual fera -
Que d’um todo
nada reparta...


Cabinda;
Jamba;
Namibe
Numa luta fraticida
(d’um irmão
qu’ali reside)
Que nunca terá razão
No destino, que o divide
(do viver de nova vida)
Torrão, que não
se decide
Em ter a paz
Por Nação

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

TOTO

Paisagem…
onde a natureza
vive como quer;
onde o silêncio das coisas
não se quebra;
onde nada é pobreza
mas, tudo é miséria;
onde a vida é dura
com o odor da tristeza!


Paisagem...
de capim
e de amargura;
onde a natureza-selvagem
é loucura;
onde a noite precede
noite escura;
onde a África é sertão
(de guerra-desilusão)
lavrado com suor,
sangue, dor
gravado, por fim,
em memória-sepultura!



ANGOLA – TOTO A. M. 33 (Aérodromo de Manobra Nº 33) – 1961/62.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

N'GAGE (28º Aniversário do A. B. 3)

(A. B. 3 - AeródromoBase Nº 3)

Algures no Congo dorido
Perdido no tempo que passa
Dum Portugal esquecido
Sentido por nobre raça
Que o relembrar abraça
Recordando – ser vivido!


N’GAGE torrão do café
Entre cacimbo e mata
Nada fora!? E nada é!?
Desde a picada à cubata
Não morreu!? Ficou de pé!
Viveu – dia a dia – uma data!


Foi honra!... Aviação!
Foi o centro do sertão!
Memória
que a guerra deu!
Foi calor! Foi solidão!
Foi esplendor da Nação
História...
que não morreu!...


Rasgavam-se nos calendários
Hora a hora – os seus dias –
Escreveram-se nos diários
Dias quentes... noites frias...
Os olhos eram vigias
Mirando tantos calvários!


Cruzaram-se ventanias
No crepitar das queimadas
Em poeiras de ousadias
Nevoeiros nas ciladas
Emboscadas por chuvadas
Tristezas das agonias

(28º Aniversário do A. B. 3 – Ota, 4/3/1989)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

N'GAGE (29º Aniversário do A. B. 3)

N’GAGE ficou na História
- Orgulho da Aviação -
Foi seu pendão de glória
Foi coragem... ilusão
Foi dureza... gratidão
Foi triunfo... sem vitória!


Voava-se... noite e dia
Na intépida missão
Combatendo a agonia
Salvando a desolação
Do terror... ingratidão
Que ANGOLA não merecia!


ÁFRICA do capim... do matagal
Do deserto e do sertâo
Com um calor sem igual
De ritos... de tradição
Cacimbo do coração
Quando ainda PORTUGAL!


Tempo que foi... e não volta
Que passou ao tempo ido
Sombra que se envolta
No tempo demais vivido
Que nunca será esquecido
Pela saudade... revolta!
... (Tempo agora sofrido)
Tempo que foi... e não volta!...


( 29º Aniversário do A. B. 3 (Ota, 17/3/1990)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

N'GAGE (30º Aniversário do A. B. 3)

N’GAGE que foi passado
Está presente, entre nós!
É hoje! Tão recordado
Com saudade - à viva voz -
Por pais por filhos avós
Como d’um sonho acordado!


Três décadas, já lá vão,
D’um tempo que não se esquece
Sentido p’lo coração
Juventude que recresce
No relembrar que merece
A “África da Aviação”!


Há 30 anos: Os Primeiros
Na esteira das Descobertas
Souberam ser: - “Pioneiros”
Voando terras incertas
Deixando portas abertas
Aos que foram derradeiros!


Com “espírito d’aviação”
Horas de sonho fervor
De angústia e solidão
Dureza bravura ardor
Tristeza loucura dor
Cumprindo a sua missão!...


(30 Aniversário do A. B. 3 (Sintra, 23/3/1991).

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

N'GAGE (31º Aniversário do A. B. 3)

N’GAGE obra de um povo
Orgulho de uma Nação
D’um velho, que fora novo
Como vós - que aqui estão -
Vivendo recordação
Que do silêncio demovo...


A idade, não perdoa
Os anos que são memória
È um clarim que ressoa
Trinados - sons de glória -
Alvorecer d’uma história
Que em cada nós, nos ecoa...


Cabelos brancos saudade
Dos tempos idos que são
Reviver fraternidade:
Com alma paz coração
Da guerra longa, d’então
Que s’enrugou na idade...


Tempos que vão e não voltam
Por cada ano que passa
Mais forte é a nossa razão
A que a morte se escapa
Porque A sorte nunca mata
Quando é forte uma paixão!


Recordar é reviver
(Lá diz o velho rifão)
Se voltássemos a nascer
N’GAGE seria: - o então:
Para nós - o mesmo viver -
Em servir: - AVIAÇÃO...

....


Na “Guerra e Paz” (no sofrer)
Com tanta ou mais emoção!...


(31º Aniversário do A. B. 3 (Sintra, 21/3/1992).

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

N'GAGE (32º Aniversário do A.B.3)

N’GAGE que então vivera
Juventude abnegada
Entre sombras de capim
E os odores da queimada
Vive hoje ainda à espera
De alcançar o seu fim!



Já lá vão mais de 30 anos
Tanto tempo... já passou!
Jovens “velhos”, qu’eram novos
Que futuro lhes ditou?!
Se hoje, militares ou paisanos
Souberam olhar os povos!


Tempo difícil... doloroso
Por vezes, mesmo agridoce
De chuvas ou nevoeiros
Como se tudo ainda fosse
No recordar orgulhoso
De termos sido: - Primeiros!


Na “guerra ou paz” ...(no sofrer)
Com tanta ou mais emoção
Seguindo os “Pioneiros”
Na esteira... da recordação.
E foi todo esse (viver)
Um viver d’aventureiros!...

(32º Aniversário do A. B. 3 (Alverca, 13/3/1993).

terça-feira, 22 de setembro de 2009

N'GAGE (33º Aniversário do A.B.3)

E os anos foram passando
Como nuvens sobre o mar
Entre chuvas... nevoeiros.
Restou-nos o recordar
Dos tempos longe voando
O rumo dos “Pioneiros”!


Fomos sempre os primeiros
Sobre morros... sobre matas
E bem firmes no lutar...
Nas picadas e cubatas
Também nós aventureiros
Ligámos a terra ao ar!


A. B. 3 foi nosso fado
Qual destino a vencer
Uma guerra a terminar...
“MUITO PODE QUEM QUER”
- O lema mais invejado
Das fardas do Ultramar!


N’GAGE honra e padrão
Orgulho de todos nós
Que em ANGOLA fez história
Diremos, numa só voz
Que demos à Aviação
Asas de ouro e glória!...




(33º Aniversário do A. B. 3 (Montijo, 19/3/1994)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

TETE

TETE fora um pendão
Por “PIONEIROS” erguido
- Glória da Aviação -
Dum Portugal vivido!
Dum Portugal sofrido!
Trazido no coração!


Fora honra! Fora Glória!
Fora nobre AVIAÇÃO:
Memória
dum nome: Matundo!
De calor!... De solidão!...
Fora esplendor da Nação!
- História...
a ficar no Mundo!


Zambeze....Cabora Bassa
Estima e Furancungo
Mutarara....tanta distância
Voada por nobre raça
Sob um céu longo... profundo
Em constante vigilância!

...



MOÇAMBIQUE – TETE – A. B. 7 (Aérodromo Base Nº 7) – 1971/72.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

INVOCAÇÃO

Oiço o rufar dos tambores,
ao longe...
Vejo, do passado,
a voz da juventude....
Sinto-me jovem na alma,
na quietude.
Sou das armas ser
e pelas armas, monge.


A um toque me ergo,
em alvorada;
A outro toque obedeço
ao recolher;
Pela Nação não faltarei
à chamada
Pela Pátria, altivo,
saberei morrer.


Raiz do solo Pátrio,
renovado...
Seiva humana de audazes
combatentes;
Ramos hasteados,
por armas fulgentes;
Tronco são, de um fruto são
e honrado.


Árvore da vida
de sonho profundo...
Caminho duro
em sinuoso sofrer;
Passo firme
ante o vacilar do Mundo.
«DOCE E HONROSA
A GLÓRIA DE MORRER».



12/12/1980 – Poema das “Bodas de Prata” do curso entrado em 1955 na então Escola do Exército. (Pergaminho existente na Academia Militar)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

ALVORADA MILITAR

TOCA A ALVORADA!…
Os jovens de outrora
cadetes de então
(prontos à chamada)
oficiais de agora
presentes estão.



FIRME... SENTIDO!...
Ao troar dos canhões
voos altos ergueram
o mar foi vencido
e das quinas pendões
emoções teceram.



EM FRENTE MARCHAR!...
Desfile da vida
que a morte tortura
de força renhida.
Avante... aventura.
Reunir... recordar
a dureza grata
dos tempos passados
agora encontrados
nas «BODAS DE PRATA».



EM CONTINÊNCIA
PERFILAM
Abate a bandeira
mortos ressuscitam
da paz derradeira
ao som da requinta
rufando tambores
de sangue...de tinta
tão altos valores
bem fundo gravaram.


TOCA A RECOLHER!...
Sorrisos... abraços
feliz reviver
apertar de laços
de uma amizade:
que é ouro;
que foi prata
e que a morte não mata.
Esta é a verdade
que nos faz honrar!...
- Nobre é o tesouro
de ser MILITAR!


SILÊNCIO JÁ É!...
Os jovens de outrora
cadetes de então
(firmes e de pé)
- Se, velhos agora?
Tão novos serão!...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

"MENINO DA LUZ"

Farda
de chumbo castanho
de verde gola de esperança
garboso desde antanho
num sorriso de criança...


Glória
encantada Musa
Vitória
que Marte sente
Gesto nobre
alma Lusa
Passo firme
sempre em frente!...


“Menino”
que é soldado
“camarada” fraternal
olhar terno perfilado
num eterno PORTUGAL!


Pergaminho existente no Museu do Colégio Militar.

sábado, 12 de setembro de 2009

ARMADA PORTUGUESA

Fomos
o vento provindo!
Somos:
História imortal!
Novas terras
mares abrindo:
- Glórias de PORTUGAL!


Fomos:
marulhar das rotas!
De Sagres,
estro nascido...
Temão:
a plagas ignotas,
Láureo padrão
foi erguido!


Heróis do mar,
marinheiros;
Audácia a navegar;
Ousados
aventureiros
Dos Portugueses
- primeiros
Na paz;
na guerra;
no mar!...


Entre procelas
tormentos;
Por Cristo,
à fé luzente
Rumando:
Descobrimentos
Gente nobre
a outra gente!


Lusa raça
d’Ocidente
Em pélago
tão profundo...
Qual gesta
mais fremente?
Novos mundos
deu ao Mundo!


Das laudas do mar
obreiros;
Oh PÁTRIA
ditosa amada!
Saberemos:
- Marinheiros!
Saberemos
- Fuzileiros!
Honrar
a nossa ARMADA!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

FERVOR PATRIÓTICO

A Nação está doente…
Correm nas veias jovens
Ardores de patriotismo;
Erguem-se dos túmulos
sábios
santos
monarcas
e guerreiros....
Recordam-se hinos
Actos de heroísmo.
A Nação estremece
ao troar do canhão!
Correm destemidos
valentes:
Almas que a Pátria acalentou!
Rompe a dor da revolta
o coração!
Desfilam obedientes
soldados perfilados;
Derrama-se o primeiro sangue
das pelejas;
Tingem-se de rubro
os campos de batalha;
A Pátria vai lutando...
Fazem-se penitências,
preces p’lo ar...
E lenços negros
vão secando
Olhares tristes
lágrimas, sem par!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

COMBATENTE


COMBATENTE
que foste
da PÁTRIA alargada
de guerra desiludida...

Hoje,


os anos contam
e pesam
e o tempo
(que foi)
não conta nada!


A História
fora esquecida?!
A EPOPEIA
rasgada?!
A Vida
fora abalada!?
A Terra
fora perdida!?
A Guerra
fora d’alguns que foram
e de outros que ainda são!?
Não foi,
nem fora tua
(meu irmão)
e ninguém
te dará razão!


COMBATENTE
amargurado
ergue alto o teu pendão
de militar do passado
por ainda recordado
por tão nobre coração.


És da PÁTRIA: - SOLDADO
o explendor da NAÇÃO!







À Liga dos Combatentes

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

MONUMENTO AO COMBATENTE




“MONUMENTO AO COMBATENTE” Belém – Lisboa
(Inaugurado pelo Presidente da República, Dr. Mário Soares, em 15 de Janeiro de 1994).



Ergue-te na vertical
«PADRÂO DAS DESCOBERTAS»
É de jus!... É já tempo!
É momento
[d’horas certas:
Evocar o PORTUGAL
[que foi!?
No PORTUGAL que é
Relembrar, com honra
[orgulho e fé...
O luto... a dor:
- valentia do herói!


Ergue-te na vertical
«MONUMENTO AO COMBATENTE»
Memória dos Descobrimentos
Ao exaltar do ULTRAMAR
[O que sentiu o lutar!
Soldado puro... valente
[em tormentos... sofrimentos
Com glória, sem igual...
Filho... neto... descendente
D’um passado, que é futuro:
- passado a ficar presente -
Na HISTÒRIA DE PORTUGAL!...


MONUMENTO AO COMBATENTE – BELÉM(Poema em pergaminho introduzido nas fundações quando do lançamento da primeira pedra, em 12/05/1993).

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O CLARIM DO SILÊNCIO

(Requinta que tocou a cessar fogo, em 11 de Novembro de 1918; Museu das Oferendas ao Soldado Desconhecido, no Mosteiro da Batalha)





Este Poema, evocando o «09 de Abril» e dedicado à memória do Senhor meu Pai, Tcor Henrique Augusto Perestrello d'Alarcão, combatente valoroso nos Campos da Flandres, foi publicado no início deste meu Blog, no dia 1 de Agosto de 2009.




segunda-feira, 7 de setembro de 2009

CAMPA RASA

(AO SOLDADO DESCONHECIDO)


O clarim do silêncio
ecoa suavemente
ante a penumbra
que antecede a escuridão...

De olhos rasos de água
Olho o raso Soldado Desconhecido
repousando em campa rasa


Do ofício
ossos calcinados:
de coragem;
de fervor;
de bravura;
de dor!...


Ossos do ofício
amargurados
torturados...
Ossos que jazem
sós
abandonados...
Ossos humildemente
sepultados!


Sacrifício
da vida...
Soldados
(velados por nós)
eternamente
em campas rasas!


Do silêncio da noite
desperta a alvorada...
Som melódico
estridente...
Patriótico
alvorecer da Nação!
Almas jovens
alerta estão
olhando a Campa Rasa!...


(Pergaminho exposto no Museu das Oferendas no Mosteiro da Batalha)

domingo, 6 de setembro de 2009

MORTO PELA PÁTRIA






Baixou o luto…
A aldeia humilde e pobre
chora o filho que viu nascer
e guarda-o eternamente na memória.
Exemplo nobre
Exemplo de glória
pela Pátria quis morrer!
Sentinela vigilante
dos amigos cruéis
Arauto vibrante
temor de infiéis
Fruto do passado
Orgulho do presente
Coragem do futuro
Viva chama ardente.
Ditosa terra que o criou!
Ditosa Pátria que honrou!
Mas...não morreu!
Ele não morreu!
(os heróis não morrem!)
A aldeia humilde e pobre
jamais o esquecerá...
Filho que viu nascer
Filho que embalou
de nobreza
de glória...
Filho que viu partir
cumprindo o seu dever
- Orgulho da nossa História!



(Ao 1º Cabo João Maria de Almeida Figueiredo, natural de Recardães – Águeda, morto a 6/2/1961, em Malange – Angola).(Primeiro militar a cair na guerra do Ultramar).

sábado, 5 de setembro de 2009

JUVENTUDE MUTILADA

(Aos Deficientes das Forças Armadas)


Carne que ainda treme
entre ossos mutilados
à sombra de uma bandeira...
Sangue de rubra esperança
que fervilha de bravura
numa evocação de Pátria!


Da guerra... extractos de herança
- juventude mutilada –
Sonhos verdes de criança
destorcidos da cilada:
Exemplode perseverança
de glória
de vitória
consagrada!


Outros... sim!
os da alma... ou coração:
Mas, nunca eles vencidos serão
e até ao fim,
Porque por sua abnegação,
num fôlego de sangue e de suor
Deram, trocando a própria carne
pela dor,
Tanto... e tanto mais valor
ao servir nossa Nação!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

SERVIR A NAÇÃO

Passei pela vida
descuidado
Atrás do horizonte
que não finda...
Fui vento!
tempestade!
fui soldado!
Nasci
e vivi
sempre acordado
Sem saber a razão
da minha vinda!


Corri mundo
por anos
que já lá vão...
Naveguei!
marchei!
voei!
E tudo mais que encontrei
juventude que sonhei
Foi essa grata missão
que a peito m’entreguei
Lutando de emoção para servir a Nação!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SENTINELA

Cai a noite
Sobre a guarita da sentinela
E todo o mistério...
cai sobre ela!


O murmúrio das águas
nas ribeiras;
O sibilar dos ventos
costumados;
Os rugidos das feras
traiçoeiras;
O crepitar de fogos
descuidados.


Cai a noite
Sobre a guarita da sentinela
E todo o mistério... cai sobre ela!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

BOINA VERDE

(Recebendo a Boina Verde)






De verde juventude
em salto verde
do azul celestial
me abati!


Da negra dureza
no exausto corpo
o espírito bem claro
hoje senti!


Nas asas prateadas
cintilam cruzes escarlates,
Alvos casarios enxerguei
em arrepiados campos verdejantes.


Só!
Isolado
na penumbra
da audácia
não hesitei!
Não arrisquei
minha honra
e saltei!...


Só!
Isolado no gélido
espaço
vagueei!
Calei
rúbidas
dúvidas
e dos céus amei
a terra
onde aterrei!...







terça-feira, 1 de setembro de 2009

JURAMENTO DE BANDEIRA



Perfilados…
Como jovens
orgulhosos
a sons estridentes
obedeceste,
num dia
puro,
sorrindo!


Perfilados...
Como homens
garbosos
obedientes
disseste,
um dia
juro,
servindo!


Nós
O povo
vos saudamos
soldados...
e a esperança
no futuro
em vós
depositamos!


Vós!...
Soldados
Não esqueçam:
a instrução
que tiveram;
o juro
que disseram;
a saudação
que fizeram
e...
“Que nunca por vencidosse conheçam!”

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

AS ÁRVORES MORREM DE PÉ


Filhos que são
da Nação
Ostentando no pendor
A alma:
o sangue;
o valor
Tais homens
jovens valentes
“Que nunca por vencidos
se conheçam”
E ainda, no presente
- há gentes –
Que o seu “servir”.
desconheçam!?


Foi a dureza
do passado
Que cimentou
a herança
Na virtude
e na pujança
Do duro
e nobre soldado!


Vêde do cisne
- o canto –
Cuja morte
s’apregoa….
(Não seja uma sorte
à toa)
Por paz;
da guerra;
na dor
Sentida
e tida
(com espanto)
Do tanto fervor
e ardor


Morrer de pé
não é morte
P’ra quem
não deva morrer
Pois, quem luta
p’ra vencer
Não pode ter
tão má sorte!


“Enquanto há vida
há esperança…”
Mesmo, em coisa
nunca vista!
Se o pensar
é lembrança
E o orgulho
tem memória
Gravada fica
na História
A TROPA
PARA-QUEDISTA




(Às Tropas Pára-quedistas – Tancos, 23/5/1993).
- "Monumento aos Mortos em Combate existente na Escola de Tropas Pára-quedistas, em Tancos, inaugurado em 3 de Julho de 1968 - simboliza uma asa de aeronave Junker Ju-52/3m, e um militar pára-quedista em posição de aterragem na chegada ao solo. A escultura é da autoria do Mestre DOMINGOS SOARES BRANCO."

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

LEMA COLEGIAL

Visão do passado imberbe,
enlace de múltiplas gerações...
Luz do passado,
luz do presente
Velhos e novos
abraçam seus corações....
«UM POR TODOS, TODOS POR UM»
percorrem a estrada da vida dando as mãos...


3 DE MARÇO!
Dia fraternal
de saudade
de união...


Aprumados
garbosos
perfilados
na farda «cor de pinhão»
Avenida abaixo
Lá vão eles
«Zacatraz! Zacatraz! Zacatraz!»
Eles lá vão...
Os «MENINOS DA LUZ!»
Todos, são «Meninos da Luz!»


Novos e velhos
«Allez! Allez!À votre santé!»
Nos velhos,
nos novos corações
A velha saudade
uma nova aragem.
Em todos brilha uma luz
É a chama da «Camaradagem».


O 3 DE MARÇO!
O COLÉGIO MILITAR!
«Berço de gerações...
que as gerações
contemplam!...»


É o sonho, o simbolo, a realidade....
a Barretina
a Feitoria
os Claústros
a Cúpula
agora a Chama
a Eternidade...


Sonhar!
Viver!
Sentir
o voltar à LUZ
afinal:
é reviver em alegria comovente
o orgulho fraternal
de ter servido
o «SERVIR»
do lema colegial...
e dizer:
«POR PORTUGAL ETERNO EM FRENTE».


Dedicado à AAACM (Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar). Do (202/46).

SER POETA

Não é poeta quem quer
Nem quem quer
poeta será!
Toda a gente que quiser
Que sente aquilo que há
poeta um dia será!...


Ser poeta é outra gente!
é ser gente
bem diferente
Daquela que para aí, há!
É sentir
o sentimento
E cantar
em testamento
O que sente
e sentirá!

SÓ É POETA QUEM SENTE

Todo o poeta mente
Ao dizer o que não sente!
E se não sente o que diz
Não é poeta! - É gente
Que não sabe o que é que diz!


Só é poeta quem sente!...
Pois quem diz o que não sente
Não é poeta! - É gente
Que não sabe quanto mente
Ao dizer o que não sente!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

COMO POETA

Como poeta:
Caminho pela vida
pisando passo-a-passo
os próprios passos
E guardo no dia-a-dia
todo o meu tempo perdido
apenas e em pedaços...


Como poeta:
Acordo todas as noites
as novas madugadas
E julgo lá longe
o horizonte
Como nuvem pelo monte
as mágoas, por mim, passadas....


Como poeta:
Sofro as dores do destino
e os males da natureza;
Sou da vida um peregrino
caminhando a incerteza!


Como poeta:
Sou um ser mal entendido
um sonhador acordado;
Sou o alguém mais perdido
que jamais será achado!
Um presságio do futuro
e do passado um profeta;
Ser que vive obscuro
Assim, sim! Se é Poeta!

MINHA SINA

Sofri
a louca amargura
De lutar
contra a ventura
Sem que ela
o desejasse
E por isso
m’atacasse!...


Fiz da juventude
corcel
E do meu escudo
alegria...
Vivi Torre
de Babel
Cavalguei,
o dia-a-dia!


Amei muito
Dulcineia;
Fiz do elmo
sofrimento;
Vi castelos de areia;
Meus moinhos
foram vento!


Lancei em África
lanças,
Conquistei
o meu deserto.
Sonhei muito
esperanças;
Mirei longe...
tudo perto!


Tive Judas
como amigos
Das traições
os meus castigos
E lobas
por alimentos
Duros ossos
de roer
Noite e dia
pensamentos
Num inconstante
sofrer!


Madruguei
as alvoradas
Vi passar
águas passadas
No Monte
dos Vendavais
Da minha
Ilha Sabrina...
Sonhando mais
que demais,
Ilusões
da minha sina!...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A PALMA DA MÃO


Olho na palma da mão
o caminho do destino.
Nela leio a ilusão
os passos do meu caminho.


Vejo nela a memória
as rugas do meu passado.
Espelho a minha história
ao sentir este meu fado.


A sonhar é que se vive
foi nisso que acreditei.
Em minhas mãos tude tive
com elas tudo agarrei!


Eu sonhei o que não tive!
se vivi? Foi quando amei!
Quem não ama – sobrevive!
eu não vivi! – Eu sonhei?!


Em minhas mãos nunca tive
Aquilo que mais quis ter!
Não é feliz o que vive
sem nada ter p’ra viver!


Em minhas mãos nunca tive
aquilo qu’eu quis ter.
Nunca é feliz quem vive
sem um amor p’ra viver!

À minha irmã Lena (Malveira da Serra, 5/10/1955).

MOINHOS DE PORTUGAL



Moinhos de Portugal
Velas voltadas ao vento
Moes o trigo;
o alimento.
És pão
que não há igual!


Moinhos de Portugal
Velas voltadas ao vento
Moes a vida;
o lamento.
És suor;
És sofrimento;
És o ardor da Nação.
És o pão
por testamento;
És o seu fado
afinal!


Gente valente
imortal
Velas voltadas ao vento
Teu labor:
- o sentimento
Moinhos de Portugal!


terça-feira, 4 de agosto de 2009

AO DEUS - DARÁ

Não sei se verei mais o sol
ao acordar
Ou das estrelas do céu,
o seu brilhar?
Sei apenas que um dia
não serei
Mais aquele, que ao Mundo:
- Este cheguei!


Sou tanto, o mesmo igual
a tantos outros
Vegetando o “Deus-dará”
da incerta vida...
Um aquele mais um,
que nada conta
No extenso rol tão perdido
ao esquecimento!



Sou o sonho do passado
que não tive
E a esperança do futuro
jamais vindo...
Sou farrapo da máscara
que vesti
E o lamento da tristeza,
em que vivi!


Sou a dor; o sofrimento
e o pecado
Que o erro ou o engano
me marcou...
Sou o peso dos anos
do passado
A cruz que carrego
e o Cristo arcou!


Serei um dia: “o pó;
a cinza; o nada”;
Do nada que fui,
enquanto tudo
Quanto na vida tive
e sem saber
Nesta passagem efémera
e tão dura...
Restando-me, só e apenas
a enxada
P’ra cavar a minha própria
sepultura!

DEIXEI DE SER

Deixei de ser:
vento… nuvem
ser tempestade
ser chuva
ser granizo
e ser orvalho...


De atravessar
montes... vales
penhascos e penedias
entre
ribeiros e charcos
todas as noites
e dias!


Deixei de ser:
sal e lama
de ser pó...
de ser alguém
que clama
( que chama
por outro alguém)
para não se sentir só!


Deixei de ser:
de ti: meu;
Deixei de ter-te,
p’ra mim!
A terra não é o céu,
Nem a flor um jardim!


Vento... nuvem
tempestade
chuva
granizo
e orvalho...
sou filho da natureza
(eu sei!
eu tenho a certeza!)
Para mim,
já nada valho!
... e tudo chegou ao fim!...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MINHA ILHA DESERTA

Fiquei numa ilha deserta
onde barcos jamais chegam;
onde a luz é sol e lua;
onde a voz é o meu eco;
onde tudo é nada
e o nada, sou eu próprio.


Os meus amigos – filhos
da natureza
mais a chuva que me lava
e o vento que me enxuga.
Onde o tempo não é relógio
e as horas marcam dias
e os minutos as horas.


Onde quando páro
tudo pára e me olha
e me segue,
me persegue
e me contempla...


Onde há um silêncio
que se diz solidão
e os reis são escravos
e os poetas deuses;
onde o Olimpo é a Terra
e o Céu: - o Paraíso...


Onde a fome é sede
e a sede alimento;
onde não há guerra
nem peste
e a morte não se crê...


Minha ilha deserta
do sonho da paz
onde vivo sem dor
uma vida certa
(do tanto me faz)
sonhando o amor...


Onde vejo e revejo
do princípio ao fim
o ter por herança
o que foi meu desejo
de querer só, para mim,
viver sempre ‘sperança!

domingo, 2 de agosto de 2009

DA NOITE À MADRUGADA

Esperei da noite
à madrugada
Sonhando acordado
o que não tive
na vida que tive
Porque não vi, da vida
a alvorada!


Vi o silêncio
das estrelas
E as sombras
do luar!
Conheci, perdido na boémia
a calmia nocturna
E o medo
da escuridão ao passar!


Vi o homem
ébrio
inquieto
vacilante
Vivendo solidão
intranquilo
soturno
inconstante...


Entre a noite e a madrugada
tudo é nada!
a desgraça é crime
a desilusão é angústia
o ciúme é traição
E poucas vezes, ou nunca
terão perdão...


Entre a noite e a madrugada
há o tudo e o nada!
Há sempre uma mulher
um amor
uma paixão
um romance, a haver
E com ela
uma dor
uma ilusão
um enlace qualquer!


O beijo
o carinho
a ternura
Andorinhas, num vai e vem,
de Primavera...
Primavera que sorri
de desejo
de delícia
de frescura
Que sonhei que vi
mas, não vi!
Fiquei à espera!


Entre a noite e a madrugada
há um nada!
Há um nada que fora tudo...
tudo o que vi!
Mas, julgo que ainda
não vira nada!

SAUDADE

Medita na saudade
que me tens
A mágoa da saudade
que me déste:
E verás no teu lamento
agreste,
A dor que era minha
e tu detens!...


... E de toda essa saudade
o que aparece
Do duro e puro
esquecimento:
É um “contentamento
descontente”;
É o mal da vida
que se esquece!...


SAUDADE: É tudo o que se tem
do que se teve!
É esperança que ficou
e não morreu;
É vida que acabou
mas se viveu;
É bem que se achou
e não se deve!...


SAUDADE: É querer ver passar
o que passou
No filme da vida
que ardeu;
É crer fazer nascer
o que nasceu;
É voltar a querer amar
quem se amou!

sábado, 1 de agosto de 2009

CORAÇÃO DESPEDAÇADO


Foje-me da culpa
o passado
Como nuvem
p’lo vento.
Ficara, em mim,
o lamento
Como destino
tormento
Que me traz
amargurado....

Fui alegre
apaixonado
Nos jovens anos
da vida
Sofri amei
coisa querida
Tive o sonhar
por jazida
Sonhei demais
acordado...


Hoje sou um
deserdado
Dos anos dias
do tempo
Estou velho!
sou sofrimento
Pesado
sem esquecimento
Do tempo
mais relembrado...


Coração
despedaçado
Tão marcado
p’lo viver
Retrato do meu
sofrer
Que jamais saberei
esquecer
Ao não esquecer
meu passado!...

REFORMADO






REFORMADO:
É sonho
é vida
é passado!...
É viver de longe
perto
aquilo que se enxerga
Árvore que cresce
e não verga
numa estepe
num deserto...
É tudo o que é passado!
É no futuro, o mais certo!


REFORMADO:
É experiência
é dureza
é cansaço!...
É sofrer
vida vivida
Abraçar
num só abraço
Janela aberta, em terraço,
sobre o deserto da vida!


REFORMADO:
Inquietude
retrato da juventude
alegria do passado...
Futuro de quem
certo dia foi alguém,
que antecedeu
outro,
(outrem)...
nasceu
cresceu
e viveu
e que não
sendo ninguém
para nós?!
Nunca morreu!


REFORMADO:
É simpatia,
é reviver alegria
é lutar pela esperança
ter força
ter confiança
de poder sobreviver
num sorriso de criança
levando para o passado
as rugas de reformado.


REFORMADO:
É herança;
é história;
é memória;
é esperança:
virtudes que Deus
lhe deu.
É esforço,
labor,
suor;
É sonho,
aventura,
dor;
É recordar
fantasia
no viver
de cada dia
tanta amargura
e amor...
REFORMADO:
É juventude!


REFORMADO:
É alegria!
É tudo aquilo
que um dia
alguém em sonho
encontrou
ao saber que conquistou
no Mundo,
tudo o que queria
ao ver da noite
ser dia!...

Relembrando os veteranos da Primeira Grande Guerra - (1914-1918)













O CLARIM DO SILÊNCIO

O Clarim do Silêncio
(Ao 9 de Abril)

Do rufar do tambor
Ao clarim do silêncio
A morte vem marchando...

...entre a chuva
das balas
que molha estropiando
e mutilando
corpos ensanguentados
de pó
e aventura
lutando
moinhos de aragem
com armas luzentes
da doirada miséria
em passo firme
de coragem
vagueando dependentes
das almas de inferia
que o tempo come
e consome
de voragem:
marchando sorridentes!...

...e aqueles, que escapando
vivos dos túmulos
ou de sacos de areia
entrincheirados
vão olhando
os raios dos «raides»
perdidos no clarão
da terra de ninguém
sem tréguas...
estão, então tropeçando
no arame farpado
da vigília da noite infinda
para aquém
e para além
da angústia e da traição!...

Do rufar do tambor
Ao clarim do silêncio
A morte foi marchando!...

Lisboa, 1967
António Perestrello
(dedicado à memória de meu pai
Tcor Augusto Perestrello D’Alarcão e Silva)

TRIBUTO À MEMÒRIA DE MEU PAI!



O Tcor Henrique Augusto Perestrello D’Alarcão e Silva, nasceu em Braga, no dia 2 de Dezembro de 1891 e veio a falecer em Lisboa a 9 de Dezembro de 1954.
Estudou no Colégio Militar tendo seguido depois a carreira das Armas, como Oficial de Infantaria, no Exército Português.
Combateu em Angola e na Flandres, na 1ª Grande Guerra. Esteve na frente de batalha onde foi o Oficial Português com mais linhas de fogo. Daí que tenha sido,de todos os Portugueses, o militar com as mais altas condecorações, em campanha.
Desempenhou funções, como professor, no Colégio Militar, foi Sub-director dos Pupilos do Exército e Comandante do Regimento de Infantaria Nº 1.


(Paris, Desfile da Vitória, 14 de Julho de 1919)
Foi o Porta-bandeira, das Tropas Portuguesas sob Comando do Capitão Ribeiro de Carvalho, no Grande Desfile da Vitória, em Paris. Volta a desempenhar essas funções, pouco depois, em Bruxelas, igualmente na Festa da Vitória, em desfile comandado pelo Major André Brun. A este histórico evento, assistiram na Tribuna de Honra, o Rei Alberto da Bégica e o Rei D. Manuel II (no exílio), entre outras entidades.
(Bruxelas, 22 de Julho de 1919)
Ao longo da sua carreira militar recebeu vários Louvores e Condecorações, onde se destacam:
Graus de Comendador e de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, com Palma;
Medalha de Prata de Valor Militar, com Palma (Letra C);
Três Cruzes de Guerra;
Graus de Oficial e Comendador da Ordem Militar de Aviz;
Medalha da Cruz Vermelha de Mérito;
Medalhas de Ouro e de Prata de Comportamento Exemplar;
Medalhas Comemorativas das Campanhas do Exército Português, em França (1918) e no Sul de Angola;
Medalha da Vitória; e
Ferrager da Ordem da Torre e Espada, entre outras.

Os motivos que levaram à sua condecoração pelos feitos heróicos na Flandres foram enaltecidos pelo General Santos Correia, em Sessão realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa, a propósito do 9 de Abril de 1918, tendo referido:
«O tenente Perestrello da Silva, oficial que já tive oportunidade de apreciar em outras situações arriscadas na primeira linha e que, nesta acção eu vi intrépido e resoluto à frente dos seus subordinados, entre os quais ganhou extraordinário prestígio, merece ser distinguido pela maneira como conduziu e dirigiu a sua Companhia na ocupação das posições, pela coragem e valentia com que se defendeu e, mais tarde, tendo assumido o comando do Batalhão, na fase mais crítica do combate, pela competência e sangue frio que demonstrou na organização e direcção da retirada, iniciada em momento oportuno, e prolongando a resistência, de posição em posição, conseguindo sensível demora no avanço do inimigo. Demais sabe-se que este oficial depois se distinguiu em serviços prestados pelo B.I. 14, na ocasião da ofensiva vitoriosa dos aliados.»
Referiu ainda: «Bout Deville – Em cumprimento da missão recebida do Capitão Vale de Andrade, Comandante do B.I.14, o Tenente Perestrello da Silva, Comandante da 2ª Companhia, ocupou pelas 8 horas, o posto de Eton, onde se manteve até perto das 12 horas.
Tornada insustentavel a ocupação do posto pela violência do bombardeamento, o Tenente Perestrello retirou sobre Bout Deville, onde se encontrava o Comandante do Batalhão, com a 3ª Companhia (Ten. Anibal de Azevedo) e um Pelotão da 4ª Companhia.