O Clarim do Silêncio
(Ao 9 de Abril)
Do rufar do tambor
Ao clarim do silêncio
A morte vem marchando...
...entre a chuva
das balas
que molha estropiando
e mutilando
corpos ensanguentados
de pó
e aventura
lutando
moinhos de aragem
com armas luzentes
da doirada miséria
em passo firme
de coragem
vagueando dependentes
das almas de inferia
que o tempo come
e consome
de voragem:
marchando sorridentes!...
...e aqueles, que escapando
vivos dos túmulos
ou de sacos de areia
entrincheirados
vão olhando
os raios dos «raides»
perdidos no clarão
da terra de ninguém
sem tréguas...
estão, então tropeçando
no arame farpado
da vigília da noite infinda
para aquém
e para além
da angústia e da traição!...
Do rufar do tambor
Ao clarim do silêncio
A morte foi marchando!...
Lisboa, 1967
António Perestrello
(dedicado à memória de meu pai
Tcor Augusto Perestrello D’Alarcão e Silva)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário