segunda-feira, 31 de agosto de 2009

AS ÁRVORES MORREM DE PÉ


Filhos que são
da Nação
Ostentando no pendor
A alma:
o sangue;
o valor
Tais homens
jovens valentes
“Que nunca por vencidos
se conheçam”
E ainda, no presente
- há gentes –
Que o seu “servir”.
desconheçam!?


Foi a dureza
do passado
Que cimentou
a herança
Na virtude
e na pujança
Do duro
e nobre soldado!


Vêde do cisne
- o canto –
Cuja morte
s’apregoa….
(Não seja uma sorte
à toa)
Por paz;
da guerra;
na dor
Sentida
e tida
(com espanto)
Do tanto fervor
e ardor


Morrer de pé
não é morte
P’ra quem
não deva morrer
Pois, quem luta
p’ra vencer
Não pode ter
tão má sorte!


“Enquanto há vida
há esperança…”
Mesmo, em coisa
nunca vista!
Se o pensar
é lembrança
E o orgulho
tem memória
Gravada fica
na História
A TROPA
PARA-QUEDISTA




(Às Tropas Pára-quedistas – Tancos, 23/5/1993).
- "Monumento aos Mortos em Combate existente na Escola de Tropas Pára-quedistas, em Tancos, inaugurado em 3 de Julho de 1968 - simboliza uma asa de aeronave Junker Ju-52/3m, e um militar pára-quedista em posição de aterragem na chegada ao solo. A escultura é da autoria do Mestre DOMINGOS SOARES BRANCO."

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

LEMA COLEGIAL

Visão do passado imberbe,
enlace de múltiplas gerações...
Luz do passado,
luz do presente
Velhos e novos
abraçam seus corações....
«UM POR TODOS, TODOS POR UM»
percorrem a estrada da vida dando as mãos...


3 DE MARÇO!
Dia fraternal
de saudade
de união...


Aprumados
garbosos
perfilados
na farda «cor de pinhão»
Avenida abaixo
Lá vão eles
«Zacatraz! Zacatraz! Zacatraz!»
Eles lá vão...
Os «MENINOS DA LUZ!»
Todos, são «Meninos da Luz!»


Novos e velhos
«Allez! Allez!À votre santé!»
Nos velhos,
nos novos corações
A velha saudade
uma nova aragem.
Em todos brilha uma luz
É a chama da «Camaradagem».


O 3 DE MARÇO!
O COLÉGIO MILITAR!
«Berço de gerações...
que as gerações
contemplam!...»


É o sonho, o simbolo, a realidade....
a Barretina
a Feitoria
os Claústros
a Cúpula
agora a Chama
a Eternidade...


Sonhar!
Viver!
Sentir
o voltar à LUZ
afinal:
é reviver em alegria comovente
o orgulho fraternal
de ter servido
o «SERVIR»
do lema colegial...
e dizer:
«POR PORTUGAL ETERNO EM FRENTE».


Dedicado à AAACM (Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar). Do (202/46).

SER POETA

Não é poeta quem quer
Nem quem quer
poeta será!
Toda a gente que quiser
Que sente aquilo que há
poeta um dia será!...


Ser poeta é outra gente!
é ser gente
bem diferente
Daquela que para aí, há!
É sentir
o sentimento
E cantar
em testamento
O que sente
e sentirá!

SÓ É POETA QUEM SENTE

Todo o poeta mente
Ao dizer o que não sente!
E se não sente o que diz
Não é poeta! - É gente
Que não sabe o que é que diz!


Só é poeta quem sente!...
Pois quem diz o que não sente
Não é poeta! - É gente
Que não sabe quanto mente
Ao dizer o que não sente!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

COMO POETA

Como poeta:
Caminho pela vida
pisando passo-a-passo
os próprios passos
E guardo no dia-a-dia
todo o meu tempo perdido
apenas e em pedaços...


Como poeta:
Acordo todas as noites
as novas madugadas
E julgo lá longe
o horizonte
Como nuvem pelo monte
as mágoas, por mim, passadas....


Como poeta:
Sofro as dores do destino
e os males da natureza;
Sou da vida um peregrino
caminhando a incerteza!


Como poeta:
Sou um ser mal entendido
um sonhador acordado;
Sou o alguém mais perdido
que jamais será achado!
Um presságio do futuro
e do passado um profeta;
Ser que vive obscuro
Assim, sim! Se é Poeta!

MINHA SINA

Sofri
a louca amargura
De lutar
contra a ventura
Sem que ela
o desejasse
E por isso
m’atacasse!...


Fiz da juventude
corcel
E do meu escudo
alegria...
Vivi Torre
de Babel
Cavalguei,
o dia-a-dia!


Amei muito
Dulcineia;
Fiz do elmo
sofrimento;
Vi castelos de areia;
Meus moinhos
foram vento!


Lancei em África
lanças,
Conquistei
o meu deserto.
Sonhei muito
esperanças;
Mirei longe...
tudo perto!


Tive Judas
como amigos
Das traições
os meus castigos
E lobas
por alimentos
Duros ossos
de roer
Noite e dia
pensamentos
Num inconstante
sofrer!


Madruguei
as alvoradas
Vi passar
águas passadas
No Monte
dos Vendavais
Da minha
Ilha Sabrina...
Sonhando mais
que demais,
Ilusões
da minha sina!...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A PALMA DA MÃO


Olho na palma da mão
o caminho do destino.
Nela leio a ilusão
os passos do meu caminho.


Vejo nela a memória
as rugas do meu passado.
Espelho a minha história
ao sentir este meu fado.


A sonhar é que se vive
foi nisso que acreditei.
Em minhas mãos tude tive
com elas tudo agarrei!


Eu sonhei o que não tive!
se vivi? Foi quando amei!
Quem não ama – sobrevive!
eu não vivi! – Eu sonhei?!


Em minhas mãos nunca tive
Aquilo que mais quis ter!
Não é feliz o que vive
sem nada ter p’ra viver!


Em minhas mãos nunca tive
aquilo qu’eu quis ter.
Nunca é feliz quem vive
sem um amor p’ra viver!

À minha irmã Lena (Malveira da Serra, 5/10/1955).

MOINHOS DE PORTUGAL



Moinhos de Portugal
Velas voltadas ao vento
Moes o trigo;
o alimento.
És pão
que não há igual!


Moinhos de Portugal
Velas voltadas ao vento
Moes a vida;
o lamento.
És suor;
És sofrimento;
És o ardor da Nação.
És o pão
por testamento;
És o seu fado
afinal!


Gente valente
imortal
Velas voltadas ao vento
Teu labor:
- o sentimento
Moinhos de Portugal!


terça-feira, 4 de agosto de 2009

AO DEUS - DARÁ

Não sei se verei mais o sol
ao acordar
Ou das estrelas do céu,
o seu brilhar?
Sei apenas que um dia
não serei
Mais aquele, que ao Mundo:
- Este cheguei!


Sou tanto, o mesmo igual
a tantos outros
Vegetando o “Deus-dará”
da incerta vida...
Um aquele mais um,
que nada conta
No extenso rol tão perdido
ao esquecimento!



Sou o sonho do passado
que não tive
E a esperança do futuro
jamais vindo...
Sou farrapo da máscara
que vesti
E o lamento da tristeza,
em que vivi!


Sou a dor; o sofrimento
e o pecado
Que o erro ou o engano
me marcou...
Sou o peso dos anos
do passado
A cruz que carrego
e o Cristo arcou!


Serei um dia: “o pó;
a cinza; o nada”;
Do nada que fui,
enquanto tudo
Quanto na vida tive
e sem saber
Nesta passagem efémera
e tão dura...
Restando-me, só e apenas
a enxada
P’ra cavar a minha própria
sepultura!

DEIXEI DE SER

Deixei de ser:
vento… nuvem
ser tempestade
ser chuva
ser granizo
e ser orvalho...


De atravessar
montes... vales
penhascos e penedias
entre
ribeiros e charcos
todas as noites
e dias!


Deixei de ser:
sal e lama
de ser pó...
de ser alguém
que clama
( que chama
por outro alguém)
para não se sentir só!


Deixei de ser:
de ti: meu;
Deixei de ter-te,
p’ra mim!
A terra não é o céu,
Nem a flor um jardim!


Vento... nuvem
tempestade
chuva
granizo
e orvalho...
sou filho da natureza
(eu sei!
eu tenho a certeza!)
Para mim,
já nada valho!
... e tudo chegou ao fim!...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MINHA ILHA DESERTA

Fiquei numa ilha deserta
onde barcos jamais chegam;
onde a luz é sol e lua;
onde a voz é o meu eco;
onde tudo é nada
e o nada, sou eu próprio.


Os meus amigos – filhos
da natureza
mais a chuva que me lava
e o vento que me enxuga.
Onde o tempo não é relógio
e as horas marcam dias
e os minutos as horas.


Onde quando páro
tudo pára e me olha
e me segue,
me persegue
e me contempla...


Onde há um silêncio
que se diz solidão
e os reis são escravos
e os poetas deuses;
onde o Olimpo é a Terra
e o Céu: - o Paraíso...


Onde a fome é sede
e a sede alimento;
onde não há guerra
nem peste
e a morte não se crê...


Minha ilha deserta
do sonho da paz
onde vivo sem dor
uma vida certa
(do tanto me faz)
sonhando o amor...


Onde vejo e revejo
do princípio ao fim
o ter por herança
o que foi meu desejo
de querer só, para mim,
viver sempre ‘sperança!

domingo, 2 de agosto de 2009

DA NOITE À MADRUGADA

Esperei da noite
à madrugada
Sonhando acordado
o que não tive
na vida que tive
Porque não vi, da vida
a alvorada!


Vi o silêncio
das estrelas
E as sombras
do luar!
Conheci, perdido na boémia
a calmia nocturna
E o medo
da escuridão ao passar!


Vi o homem
ébrio
inquieto
vacilante
Vivendo solidão
intranquilo
soturno
inconstante...


Entre a noite e a madrugada
tudo é nada!
a desgraça é crime
a desilusão é angústia
o ciúme é traição
E poucas vezes, ou nunca
terão perdão...


Entre a noite e a madrugada
há o tudo e o nada!
Há sempre uma mulher
um amor
uma paixão
um romance, a haver
E com ela
uma dor
uma ilusão
um enlace qualquer!


O beijo
o carinho
a ternura
Andorinhas, num vai e vem,
de Primavera...
Primavera que sorri
de desejo
de delícia
de frescura
Que sonhei que vi
mas, não vi!
Fiquei à espera!


Entre a noite e a madrugada
há um nada!
Há um nada que fora tudo...
tudo o que vi!
Mas, julgo que ainda
não vira nada!

SAUDADE

Medita na saudade
que me tens
A mágoa da saudade
que me déste:
E verás no teu lamento
agreste,
A dor que era minha
e tu detens!...


... E de toda essa saudade
o que aparece
Do duro e puro
esquecimento:
É um “contentamento
descontente”;
É o mal da vida
que se esquece!...


SAUDADE: É tudo o que se tem
do que se teve!
É esperança que ficou
e não morreu;
É vida que acabou
mas se viveu;
É bem que se achou
e não se deve!...


SAUDADE: É querer ver passar
o que passou
No filme da vida
que ardeu;
É crer fazer nascer
o que nasceu;
É voltar a querer amar
quem se amou!

sábado, 1 de agosto de 2009

CORAÇÃO DESPEDAÇADO


Foje-me da culpa
o passado
Como nuvem
p’lo vento.
Ficara, em mim,
o lamento
Como destino
tormento
Que me traz
amargurado....

Fui alegre
apaixonado
Nos jovens anos
da vida
Sofri amei
coisa querida
Tive o sonhar
por jazida
Sonhei demais
acordado...


Hoje sou um
deserdado
Dos anos dias
do tempo
Estou velho!
sou sofrimento
Pesado
sem esquecimento
Do tempo
mais relembrado...


Coração
despedaçado
Tão marcado
p’lo viver
Retrato do meu
sofrer
Que jamais saberei
esquecer
Ao não esquecer
meu passado!...

REFORMADO






REFORMADO:
É sonho
é vida
é passado!...
É viver de longe
perto
aquilo que se enxerga
Árvore que cresce
e não verga
numa estepe
num deserto...
É tudo o que é passado!
É no futuro, o mais certo!


REFORMADO:
É experiência
é dureza
é cansaço!...
É sofrer
vida vivida
Abraçar
num só abraço
Janela aberta, em terraço,
sobre o deserto da vida!


REFORMADO:
Inquietude
retrato da juventude
alegria do passado...
Futuro de quem
certo dia foi alguém,
que antecedeu
outro,
(outrem)...
nasceu
cresceu
e viveu
e que não
sendo ninguém
para nós?!
Nunca morreu!


REFORMADO:
É simpatia,
é reviver alegria
é lutar pela esperança
ter força
ter confiança
de poder sobreviver
num sorriso de criança
levando para o passado
as rugas de reformado.


REFORMADO:
É herança;
é história;
é memória;
é esperança:
virtudes que Deus
lhe deu.
É esforço,
labor,
suor;
É sonho,
aventura,
dor;
É recordar
fantasia
no viver
de cada dia
tanta amargura
e amor...
REFORMADO:
É juventude!


REFORMADO:
É alegria!
É tudo aquilo
que um dia
alguém em sonho
encontrou
ao saber que conquistou
no Mundo,
tudo o que queria
ao ver da noite
ser dia!...

Relembrando os veteranos da Primeira Grande Guerra - (1914-1918)













O CLARIM DO SILÊNCIO

O Clarim do Silêncio
(Ao 9 de Abril)

Do rufar do tambor
Ao clarim do silêncio
A morte vem marchando...

...entre a chuva
das balas
que molha estropiando
e mutilando
corpos ensanguentados
de pó
e aventura
lutando
moinhos de aragem
com armas luzentes
da doirada miséria
em passo firme
de coragem
vagueando dependentes
das almas de inferia
que o tempo come
e consome
de voragem:
marchando sorridentes!...

...e aqueles, que escapando
vivos dos túmulos
ou de sacos de areia
entrincheirados
vão olhando
os raios dos «raides»
perdidos no clarão
da terra de ninguém
sem tréguas...
estão, então tropeçando
no arame farpado
da vigília da noite infinda
para aquém
e para além
da angústia e da traição!...

Do rufar do tambor
Ao clarim do silêncio
A morte foi marchando!...

Lisboa, 1967
António Perestrello
(dedicado à memória de meu pai
Tcor Augusto Perestrello D’Alarcão e Silva)

TRIBUTO À MEMÒRIA DE MEU PAI!



O Tcor Henrique Augusto Perestrello D’Alarcão e Silva, nasceu em Braga, no dia 2 de Dezembro de 1891 e veio a falecer em Lisboa a 9 de Dezembro de 1954.
Estudou no Colégio Militar tendo seguido depois a carreira das Armas, como Oficial de Infantaria, no Exército Português.
Combateu em Angola e na Flandres, na 1ª Grande Guerra. Esteve na frente de batalha onde foi o Oficial Português com mais linhas de fogo. Daí que tenha sido,de todos os Portugueses, o militar com as mais altas condecorações, em campanha.
Desempenhou funções, como professor, no Colégio Militar, foi Sub-director dos Pupilos do Exército e Comandante do Regimento de Infantaria Nº 1.


(Paris, Desfile da Vitória, 14 de Julho de 1919)
Foi o Porta-bandeira, das Tropas Portuguesas sob Comando do Capitão Ribeiro de Carvalho, no Grande Desfile da Vitória, em Paris. Volta a desempenhar essas funções, pouco depois, em Bruxelas, igualmente na Festa da Vitória, em desfile comandado pelo Major André Brun. A este histórico evento, assistiram na Tribuna de Honra, o Rei Alberto da Bégica e o Rei D. Manuel II (no exílio), entre outras entidades.
(Bruxelas, 22 de Julho de 1919)
Ao longo da sua carreira militar recebeu vários Louvores e Condecorações, onde se destacam:
Graus de Comendador e de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, com Palma;
Medalha de Prata de Valor Militar, com Palma (Letra C);
Três Cruzes de Guerra;
Graus de Oficial e Comendador da Ordem Militar de Aviz;
Medalha da Cruz Vermelha de Mérito;
Medalhas de Ouro e de Prata de Comportamento Exemplar;
Medalhas Comemorativas das Campanhas do Exército Português, em França (1918) e no Sul de Angola;
Medalha da Vitória; e
Ferrager da Ordem da Torre e Espada, entre outras.

Os motivos que levaram à sua condecoração pelos feitos heróicos na Flandres foram enaltecidos pelo General Santos Correia, em Sessão realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa, a propósito do 9 de Abril de 1918, tendo referido:
«O tenente Perestrello da Silva, oficial que já tive oportunidade de apreciar em outras situações arriscadas na primeira linha e que, nesta acção eu vi intrépido e resoluto à frente dos seus subordinados, entre os quais ganhou extraordinário prestígio, merece ser distinguido pela maneira como conduziu e dirigiu a sua Companhia na ocupação das posições, pela coragem e valentia com que se defendeu e, mais tarde, tendo assumido o comando do Batalhão, na fase mais crítica do combate, pela competência e sangue frio que demonstrou na organização e direcção da retirada, iniciada em momento oportuno, e prolongando a resistência, de posição em posição, conseguindo sensível demora no avanço do inimigo. Demais sabe-se que este oficial depois se distinguiu em serviços prestados pelo B.I. 14, na ocasião da ofensiva vitoriosa dos aliados.»
Referiu ainda: «Bout Deville – Em cumprimento da missão recebida do Capitão Vale de Andrade, Comandante do B.I.14, o Tenente Perestrello da Silva, Comandante da 2ª Companhia, ocupou pelas 8 horas, o posto de Eton, onde se manteve até perto das 12 horas.
Tornada insustentavel a ocupação do posto pela violência do bombardeamento, o Tenente Perestrello retirou sobre Bout Deville, onde se encontrava o Comandante do Batalhão, com a 3ª Companhia (Ten. Anibal de Azevedo) e um Pelotão da 4ª Companhia.