sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Voos Poéticos




À guisa de despedida


Caros camaradas, amigos e gratos leitores,

Concluímos hoje, 31 de Dezembro de 2010, a publicação, em Blog, do “VOOS POÉTICOS”.
Este livro que muito honrou o seu autor, Coronel António Perestrello, aquando do seu lançamento, em Julho de 1997, coincidentemente com o 75º aniversário da heróica viagem aérea, de Lisboa ao Rio de Janeiro, continua vivo na memória de muitos leitores especialmente dos “aeronautas”!
Assim, foi um grato prazer dar continuidade a essa tarefa, lançando-o na «blogosfera» e permitindo que muitas mais pessoas possam conhecer a obra e descortinar, essas memórias, em verso, que marcaram uma geração de Portugueses!
Mas esse trabalho não ficaria completo se não lhe incluíssemos, o prólogo, que lhe foi gentilmente acrescentado pelo Senhor Brigadeiro João de Deus Quintela e que reproduzimos:

APRESENTAÇÃO

«Em boa hora se decidiu António Perestrello a reunir num volume os seus excelentes poemas e muito feliz foi a decisão de os lançar à apreciação pública, precisamente quando se estão comemorando os 75 anos da Travessia Aérea do Atlântico Sul, cometimento levado a efeito pelos oficiais da Marinha de Guerra Portuguesa, Artur de Sacadura Cabral e Carlos Viegas Gago Coutinho.
“VOOS POÉTICOS” exaltam a empolgante aventura do homem que se liberta da terra e vive as emoções místicas do imperar no espaço.
Mas “VOOS POÉTICOS” cantam, com igual sortilégio, a sedução das paisagens que envolvem a natureza, após o regresso à “pista de aterragem”.
Nas alturas, é a visão absorvente e sedutora dos limites longínquos; em terra, é o encantamento grave da contemplação das velas brancas dos moinhos e dos rios que dão vida à paisagem; e é o do estóicismo exigido na preparação das missões imperativas, quando os conflitos humanos carregam de nuvens negras a Paz abençoada pelos “cúmulos do bom tempo”... Em resumo, é viver as alegrias e as dores da Pátria, no eterno drama das rotas entre a Paz e a Guerra.
Do torrão Ibérico da Europa às paragens longínquas da África, da Ásia e da America do Sul, “VOOS POÉTICO” evocam as asas portuguesas que levaram a outros povos a mensagem da fraternidade lusitana, que as tempestades sociais não impedirão de se perpetuar.


Lisboa, Julho de 1997

João D. Quintela»

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

HINO DA FORÇA AÉREA

FORÇA AÉREA
PORTUGAL!…
Juventude
audaz
valente...
Nobre povo
sem igual
Rumo firme
sempre em frente!

Quer de noite...
quer de dia...
Sulcando no céu profundo

Com rasgos de galhardia

Os rumos que tem o Mundo!

FORÇA AÉREA
FORÇA AÉREA...
Sobre a terra,
Sobre o mar.
Alma lusa
vida etérea
Subindo
supremo altar
Vigilante
e imortal!...
Alerta...
Homens do ar!
Alerta...
Alerta voar!
Garantindo
PORTUGAL!...


Letra: António Perestrello
Música: Agostinho Caineta
(Diário da República, I Série – Nº 214 de 17SET. 85 – Portaria nº 690/85, do MDN)


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

RECORDANDO

POETAS DA “EPOPEIA DO AR”

“Voar! Sentir o céu bem perto ao coração
Beber em hausto fundo a luz da imensidade
É ser Cristo na cruz alada e redentora
Da máquina volante que o sol doura
Que é sinfonia, cor, cintilação
Hossana triunfal à Humanidade.”

- Sarmento Beires –
cor. pil. av.


“Cruz de Cristo, que outrora encheste ignotas plagas
...
Hoje pulsas numa asa, em vez de arfar nos mastros,
...
E de vermelho, ó Cruz! aspando o azul profundo,
Tu mostras bem que não morreu
Esse génio que, já não cabendo no mundo
Como os Titãs, escala o céu!”

- Henrique Lopes Mendonça –
c. m. guerra


“Eia avante pela vitória
Asas da Cruz a sangrar
Levai-as connosco à Glória
Nossa Senhora do Ar”

- Edgar Cardoso –
cor. pil. av.


“As asas fremian sob o sopro da tarde
...
A alma adormecia ao canto do motor;
Roçava-nos do sol a palidez da cor.”

- Antoine Saint Exupéry -
maj. pil. av.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

OS "LUSÍADAS" E AS FORÇAS ARMADAS

À Marinha

Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu são cortadas.

(Do Canto I – XIX)



Ao Exército

Mas já o Príncipe Afonso aparelhava
O Lusitano exército ditoso,
Contra o Mouro que as terras habitava
De além do claro Tejo deleitoso;
Já no campo de Ourique se assentava
O arraial soberbo e belicoso,
Defronte do inimigo Sarraceno,
Posto que em força e gente tão pequeno.

(Do Canto III – XLII)



À Força Aérea

Vistes que, com grandíssima ousadia,
Foram já cometer o Céu Supremo;
Vistes aquela insana fantasia
De tentarem o mar com vela e remo;
Vistes, e ainda vemos cada dia,
Soberbas e insolências tais, que temo
Que do Mar e do Céu, em poucos anos
Venham deuses a ser, e nós, humanos.

(Do Canto VI – XXIX)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A CRUZ DE CRISTO EM DEMANDA DO CRUZEIRO DO SUL



As portas do céu
Abriram-se de par em par!
E a Cruz de Cristo
Voou!... Rumou p’lo ar
Como outrora
- a horas certas
Nas naus e caravelas
seguindo as estrelas
Do tempo das Descobertas!

Voou!... Voou!... sem par
Essa cruz alada de Cristo
como nunca fora visto
Através do longo mar
p’lo espesso azul
Rumo ao Cruzeiro do Sul!

Foi em manhã primaveril...
O ‘Lusitânia’
ficou na história
Sob cores do Arco-Íris
- Pátria auréola de glória
Levando, em voo - rumo ao Brasil –
Coutinho e Cabral
Abraços fraternos
de Portugal!

É a Nação que esvoaça
Buscando irmãos da mesma raça.
São dois Lusos corações
- novos descobridores
Intrépidos aviadores
Unindo a língua de Camões!

Setenta e cinco Primaveras
são passadas
Desse glorioso feito Atlântico.
Fronteiras do vento
ultrapassadas;
Foi o sextante
na conquista da navegação;
E dos Lusíadas – outro cântico:
Uma nova Epopeia – Aviação!

(Lisboa, 1997)

30 de Março de 1932 – Partida do ‘Lusitânia’ para a 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul.

domingo, 1 de agosto de 2010

Carta de um COMBATENTE!

Perdõem-me os leitores deste meu Blog, a falta de modéstia, mas não resisto a publicar a carta recebida do Capitão Caetano Careto, de Tomar, que muito me emocinou.
Faço-o não pelos elogios que tece relativamente ao meu poema «O combatente» publicado neste Blog, em 10 de Setembro de 2009, que de facto, humildemente me orgulham, mas fundamentalmente por transparecer o sentimento de um Combatente, eco de tantos outros, que de alguma forma se sentem amargurados e discriminados pela forma como o poder político os tem esquecido.
Igualmente como Combatente, compartilho consigo Capitão Careto, não apenas as suas angústias pela forma como somos «esquecidos» mas igualmente, a tanquilidade “consciente do dever cumprido”, tal como refere na sua tão sensibilizante missiva!
Agradeço as suas palavras e fico muito feliz por ter reconhecido que os meus poemas não são constituidos por palavras vãs e em rima, mas também e, fundamentalmente, traduzem um estado de alma, cuja mensagem o Capitão Careto tão subtilmente conseguiu apreender.
Muito obrigado e bem haja!
António Perestrello

Transcrição da carta, do Capitão Caetano J. B. Careto:

«Não tive a subida honra de o conhecer.
Mas, por imperativo de consciência, e após ter lido
o seu poema “Combatente”, teria que levar ao Seu
conhecimento tudo o que a leitura desse Poema
trouxe ao meu espírito de antigo Combatente. Cumpri 4
Comissões de serviço por imposição no Ultramar,
Todas elas a 100% de aumento de tempo de serviço.
Tenho 79 anos de idade, sou casado e com 2 filhos de
40 e tal cada. Tenho 2 netos de 20 anos. Tive o
orgulho de pertencer à 7ª Companhia de Caçadores
Especiais que desembarcou em Luanda a 16 de Março de
1961. Seguiram-se as outras três ao ritmo que V. Exª
tão bem conhece. Regressei, graças a Deus, vivo e
escorreito. Hoje sou um Combatente Amargurado!
Por tudo o que lhe contei, meu Coronel, poderá
avaliar quanto o seu poema me tocou. Senti esse Poema
como me fosse dirigido, mas ele serve perfeitamente
às centenas de milhares de Camaradas que pelas matas
de Angola, Guiné e Moçambique deixaram os melhores
anos das suas vidas ao Serviço da DITOSA PÁTRIA
nossa Amada.
Creio que, quando partir, irei tranquilo, consciente
do dever cumprido no qual se incluía, também, levar
ao conhecimento de V. Exª toda a minha emoção e
gratidão pelo seu belo, oportuno e adequado Poema.
Aceite, meu Coronel, as minhas desculpas pelo
incómodo por ter lido estas meras linhas e aceite
também os meus respeitosos cumprimentos.
Caetano João Bigares Careto, Cap. SGE/Refº.Tomar, 10 de Julho de 2010»

domingo, 25 de julho de 2010

DESCOBRIMENTOS

Foram ondas
Foram ventos
tempestades
e tormentas


Fui naufrágio
marinheiro
Fui calema
aventureiro
Corri Mundo
sonhei mar
Foi profundo
meu sonhar!


Fui caravela
veleiro
Fui sextante
timoneiro
Fui Mostrengo
Adamastor
Fui poeta
trovador!


Rumei Índias
vi Brasil
Fui Gama
e fui Cabral
Dei à Primavera
Abril
Escrevi história
imortal!


Vi terras
dos Quatro Ventos
Deixei em Terra
lamentos
Vi nos Céus
meu ideal
Lancei ao mar
sofrimentos
Fui Rei
dos descobrimentos
O meu nome:é PORTUGAL!...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

TERRA DESERTA

Vimos estrelas
chamarem o firmamento
Para além do horizonte
do sol-posto
Onde naus e caravelas
foram vento
E o fogo de Santelmo
tinha outro rosto!


Fomos gente
outra gente
em outra aragem!
Seguimos as estrelas
do tempo
a horas certas!
Fora-nos suprema a coragem
e, mais que sublime,
fora a glória.


Fomos Estrela Polar
das descobertas!
Seguimos à luz de Cristo
o caminho da vitória!
Abrimos, pela Cruz,
a vasta história!
Deixámos ao Mundo
as portas bem abertas!


Se hoje, somos só
terra nascida...
Seremos, ainda e só
apenas memória!?
Seremos então, apenas história
d’um tremor de terra
que a Terra faz deserta!?...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

JÁ FOMOS... CABO NÃO!


Já fomos… Cabo Não!...
...
Depois de tantos tormentos
Chegámos à Boa Esperança
Na Era - “DESCOBRIMENTOS”!...
E do Império d’Então
Viveremos, hoje, lembrança!
...
Resta-nos a herança
De vivermos a solidão
dos mares
dos céus
e dos ventos...
Perdido d’um ideal
Achado, entre lamentos,
o nome de PORTUGAL!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

DIA DE PORTUGAL_Homenagem a um herói!








Neste dia 10 de Junho, Dia de Portugal, decorreu também, o XVII Encontro Nacional dos Combatentes.
O evento iniciou-se com uma Missa, às 10H15 na Igreja de Santa Maria, do Mostreiro dos Jerónimos, em Belém, por intenção de Portugal e de sufrágio pelos que tombaram pela Pátria. A celebração esteve a cargo do pároco de Santa Maria de Belém e teve a colaboração do «Coral Arautos do Evangelho» e do Terno de Clarins da Guarda Nacional Republicana.
Seguiram-se as comemorações junto ao Monumento aos Combatentes.
Essa comemoração singela, mas de elevado sentido patriótico, procurou agregar todos os cidadãos, independentemente da idade, credo, raça ou ideologia política, numa manifestação de amor à sua Pátria e em homenagem a todos aqueles que tombaram ao seu serviço.
O acontecimento deste ano, presidido pelo Almirante Vidal de Abreu, foi marcado pela homenagem ao Comandante Oliveira e Carmo, Herói de Diu, que como comandante da Lancha “Vega”, tombou heroicamente em combate, com alguns dos seus subordinados, em 18 de Dezembro de 1961.
Após a descrição dos acontecimentos, usou da palavra a Senhora Dona Maria do Carmo Oliveira e Carmo, que na presença de familiares, e exortando a figura do militar e marido, realçou o suporte de rectaguarda que, orgulhosamente, é vivido em silêncio pelos familiares dos combatentes, alimentado pelos mesmos valores de amor à Pátria!

Porque seu exemplo, que se inscreve nos valores que defendo neste meu Blog, considero da mais elementar justiça vergar-me perante a grandeza moral do comandante Oliveira e Carmo, deixando aos meus leitores o curriculo desde herói nacional, que transcrevi do folheto editado pela Comissão Executiva, para este evento:


« HISTÓRIA BREVE DE UM HERÓI
SEGUNDO -TENENTE OLIVEIRA E CARMO

Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo nasceu em Santo Estêvão, Concelho de Alenquer, em Setembro de 1936.
Concluiu o curso secundário no Liceu Pedro Nunes em 1954, tendo ingressado na Escola do Exército em Outubrodo mesmo ano para efectuar os estudos preparatórios ao ingresso na Escola Naval.
Promovido a Guarda-marinha em 1 de Maio de 1958, embarcou em vários navios, tendo também prestado serviço na Superintendência dos Serviços da Armada e no Comando da Flotilha de Patrulhas. Foi promovido a Segundo-Tenente no último dia daquele ano.
Serviu a bordo dos patrulhas "Boavista" e “Porto Santo” e na fragata “Pêro Escobar”, onde o seu elevado brio, o seu inquestionável sentido das responsabilidades e do dever e o seu exemplar aprumo militar foram alvo dos maiores elogios. Nomeado comandante da lancha de fiscalização “Vega”, a prestar serviço em Diu, para ali partiu no Verão de 1961.
Naquele território, à semelhança dos restantes que faziam parte da India Portuguesa, pairava desde há muito a ameaça de anexação pela poderosa União Indiana. A temida invasão acabaria por se concretizar, de forma esmagadora, na madrugada de 18 de Dezembro de 1961. O combate extremamente desigual que se desenrolou constituiu o ponto culminante da curta carreira de Oliveira e Carmo, que no seu abnegado heroísmo viria a escrever uma das mais gloriosas páginas da nossa História Naval.
O COMBATE
Tendo saído de Diu em 17 de Dezembro, a "Vega" fundeou frente a Nagoá às 22HOO desse dia. Na madrugada do dia 18, por volta das 01H40, foram ouvidos tiros em terra
pela praça de serviço. Alertado, o Comandante manda ocupar postos de combate e suspender*.
Dirigiu-se então a lancha na direcção de um contacto radar não identificado que navegava acerca de 12 milhas da costa. Por volta das 04HOO, esse navio, visualmente identificado como um cruzador, lançou granadas iluminantes e abriu fogo de metralhadora pesada sobre a “Vega", que retirou para Diu e fundeou.
Ás 06H15 suspendeu e aproximou-se novamente do cruzador, onde foi vista, içada no mastro, a bandeira da União Indiana. A lancha regressou ao fundeadouro e Oliveira e Carmo fardou-se de branco para, segundo afirmou, morrer com mais honra.
Às 07HOO foram avistados aviões a jacto efectuando bombardeamento sobre terra. O Comandante reuniu a guarnição e leu-lhes as ordens do Estado-Maior da Armada, segundo as quais a lancha deveria combater até ao último cartucho.
Cerca das 07H30 aproximaram-se dois aviões para bombardear a Fortaleza e Oliveira e Carmo mandou abrir fogo sobre eles com a peça de 20 mm (um dos aparelhos acabaria por ser atingido e obrigado a aterrar). Estes, naturalmente, ripostaram. Agilmente manobrada pelo seu comandante, a “Vega” esquivou-se às primeiras rajadas.
No entanto, um novo ataque desta vez com fogo cruzado matou o marinheiro artilheiro António Ferreira e cortou pelas coxas as pernas de Oliveira e Carmo que, ainda com vida, retirou do bolso e beijou as fotografias da mulher e do filho pequeno. Deflagrara entretanto um violento incêndio que rapidamente se propagou à casa da máquina e à ponte. A peça foi abandonada, em virtude do seu reduto se ter tornado intransitável devido aos buracos causados pelos projécteis inimigos e pelo incêndio, que já grassava no convés.
A guarnição tentou então arriar a bote para evacuar o Comandante, mas um novo ataque aéreo feriu mortalmente Oliveira e Carmo, tendo também sido atingidos três marinheiros (um deles, marinheiro artilheiro Fernandes Jardino, com a perna esquerda cortada pela canela, viria a falecer no trânsito para terra).
Com o bote inutilizado e a lancha completamente tomada pelas chamas, viram-se os sobreviventes obrigados a nadar em direcção aterra, agarrando-se os feridos a uma balsa. Sacudida pelas explosões das suas próprias munições, a “Vega” acabaria por se afundar, arrastando consigo o corpo do seu heróico Comandante.
Oliveira e Carmo foi, a título póstumo, condecorado com a Medalha de Valor Militar com Palma, agraciado com o grau de Comendadorda Ordem Militar da Torre e Espada e promovido por distinção ao posto dê Capitão-Tenente.
Foi patrono do curso 1962/1967 da Escola Naval.


* Levantar o ferro»


domingo, 30 de maio de 2010

FOMOS IMPÉRIO



Fomos a Estrela Polar
das descobertas
Levando, bem longe,
a Cruz de Cristo
Ao que outrora
nunca fora visto
Deixando ao Mundo
as portas bem abertas!


Fomos naus
e caravelas
Sulcando
o mar profundo:
Cruzando
descobrindo Mundo,
Em rumos,
visando as estrelas...


Fomes de Sagres IMPÉRIO –
nas Áfricas;
nas Índias;
no Brasil!
Fomos nós – os Pioneiros –
povo;
raça;
marinheiros
Dos tempos
que eram mistério!


Fomos aventura
fé e ‘sperança;
Fomos os ventos
da história...
Fomos honra!
fomos glória!
Somos hoje:
só lembrança!?


Não!...
Somos hoje, um País;
uma nação!
Somos Pai;
Somos a raiz
de cada filho:
(um seu irmão)
que é!
(que são!)
Fruto do nosso ardor!


Cabo Verde Guiné
Angola e São Tomé
Moçambique e Índia
Macau e Timor...


A Pátria
a língua
a fé...
- epopeia d’amor -
Lágrimas de sol,
de sal e de dor;
Loucura intrépida
no deserto e no sertão;
Fomos bravura
d’alma e coração!

sábado, 15 de maio de 2010

ÀS VISTAS DE SAGRES

Enterrámos ossos e carne
com suor e dor
entre cacimbo e monção
Com tanta fama e fervor
no deserto... no sertão
por mares e terras d’então...


Voltámos às vistas
de Sagres
esquecidos das conquistas
[da fortuna, por milagres]
regressando do Oriente
ao Ocidente
Trazendo o corpo sem ‘sperança
Deixando a alma – à lembrança –
no rosto, de pobre gente...
E da fé e da glória
apenas ficou d’herança
Um vazio... oco de História!?


Oh “mar salgado”
das lágrimas de solidão
Com ventos da ilusão
que naufragou o passado...


Hoje, se não somos pecado
somos noite... escuridão
No sangrar do coração
por remorsos... trespassados?!

sábado, 8 de maio de 2010

49º ANIVERSÁRIO DA MORTE DE UM HERÓI






Passam hoje quarenta e nove anos sobre aquele fatídico dia, morrinhento tal como o de hoje, em que, algures no Bungo, província do Huíge, em Angola, o Alferes Mota da Costa comandando uma patrulha de Páraquedistas, enquadrando uma “coluna” composta por vários voluntários civis, sucumbia heróicamente, numa acção sublime, apesar dos parcos recursos humanos e materiais de que dispunha, para dar resposta ao desesperado pedido de socorro dos residentes da Damba e de vários Fazendeiros que se encontravam refugiados, na região.
Na evocação desta trágica ocorrência, também marcada com a morte de outros elementos que compunham a “força”, aos quais igualmente presto tributo, reitero as palavras que então escrevi sobre o Alferes Mota da Costa:

«“ Os heróis não morrem!... Eternizam-se ao entrarem para a história Pátria!...”


Vi-o pela primeira vez ao envergar com garbo a farda de cadete, na então escola do exército.


Vi-o pela última vez na Portela, quando o acompanhei ao avião militar que o levou para Angola, então já com o galão de Alferes e a Boina Verde de pára-quedista que tão orgulhosamente ostentava. Foi no principio de 1961.


Passado pouco tempo, tive a triste noticia da sua morte, em 08 de Maio de 1961.


Também soube da patriótica proclamação – hoje na histórias – que corajosamente dirijiu às populações daquela parcela de Uige.


Não me admirei da sua acção!


Conheci-o suficientemente, sabia que nas suas veias corria sangue igual ao dos Portugueses de boa tempera que conseguiram ficar na História.


Ser-lhe-á fácil evidenciar as potencialidades de chefe militar corajoso.


MANUEL JORGE MOTA DA COSTA, um amigo que partiu cedo de mais para o “voo mais longo! – porque cumpriu o dever de partir – mas que deixou a saudade amiga!


Foi uma imagem – sonho daquele sertão africano, envolto em chuva miúda e morrinhenta, propicia à cilada e à traição que, relendo a célebre proclamação afixada na véspera da morte no átrio da Igreja paroquial do Bungo, por ele subscrita, vi colado (numa visão), precisamente ao lado, outro escrito tão próprio de um português como ele!


Era uma prece … uma prece de um militar vivendo a guerra da altura, naquele preciso momento e local, implantado no mesmo cenário.


Fora, também, o Alferes Pára-quedista Mota da Costa, o seu verdadeiro autor.»

Foi a memória deste trágico, mas heróico acontecimento, que inspirou o meu Poema – “PRECE DE UM HERÓI” incluído no meu Livro Voos Poéticos, Página 71 e publicado neste meu Blog, em 14 de Novembro de 2009.



«HONROSA A PÁTRIA QUE TAIS FILHOS TEM!»

sábado, 1 de maio de 2010

MEU TEJO

Tejo!
meu Tejo azul
Límpido como o céu
no verde de uma ‘sperança...
Ninfas
virgens de herança
Das ondas, sob o seu véu
mergulhando
Com o Fado
como sonhos de criança
O futuro... do passado!


Promessas de um Henrique
e de um Gama
Que nos deram
ao Mundo, a fama
Desde a Batalha d’Ourique
Às Índias
- em outros mundos –
Sobre os mares
olhares profundos
Que a História certifique
ao Mundo, que as clama!


Do Ocidente
ao Oriente
Fomos fé
fomos esperança
Navegando
- por lembrança –
D’um país “nobre
e valente”!


Tejo!
Rio de lamentos
Porto... abrigo
de guerreiros
Levando, nós:
- marinheiros –
À Era
Descobrimentos


Voltem ao Tejo
as naus
Caravelas
de tormentos
Relembrando
os “velhos tempos”
Que, por bem,
foram tão maus!


Em atenção à “Expo 98”

segunda-feira, 19 de abril de 2010

LÁGRIMAS DE SAL



TEJO
Que levas as ondas
Para lá longe
Onde já estive
Lágrimas
- de sal em saudade -
P’los amores
Que lá tive...





TEJO!
Meu Tejo adorado
- meu segredo de viagens -
(das partidas às chegadas)
És o rio mais recordado
- em brisas e em aragens -
E por saudades chorado!...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

PORTUGAL

Somos uma Nação
e de outras Nações
Pai e Irmão
onde os nossos
e outros corações
já lá vão
e ‘inda lá estão...


Somos inquietude
e glória;
Somos ilusão
história.
Juventude
e saudade
Eterna recordação
que findou
E em todos nós
restou
Apenas fraternidade!


Somos uma só Nação
nascida dum ideal...
Fomos alma coração
cujo nome é PORTUGAL!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

HISTÓRIA GLORIOSA DE AVIADORES







UM EXEMPLO DE ABNEGAÇÂO, CORAGEM E HUMANISMO






Naquele dia de Dezembro de 1943 o jovem piloto Franz Stigler era um dos pilotos de alerta, quando lhe é dada como ordem de missão interceptar e abater um alvo inimigo entretanto detectado.
Franz Stigler rapidamente descola no seu caça Messerschmidt ME 109 G e aproxima-se do alvo, um bombardeiro, mas o quadro que se lhe deparou era absolutamente desconcertante:
- A aeronave só milagrosamente voava, com furos na fuselagem, danos no leme de direcção e na proa, tripulantes feridos, tal como o piloto que deseperadamente procurava manter a aeronave no ar, que descontroladamente se internava em território alemão!
Franz Strigler num raro exemplo de abnegação, coragem e humanismo, perante este quadro desolador emparelhou a sua aeronave com o bombardeiro, saudou os ocupantes e conduziu-a até ao Mar do Norte, na a rota de regresso a Inglaterra.
Regressado à sua Base, o piloto da Luftwaffe reportou a missão como cumprida com o alvo abatido sobre o mar, remetendo-se ao silêncio, sobre o que realmente ocorreu.
Manteve-se assim este interessante apisódio da 2ª Grande Guerra envolto em mistério durante largos anos. Contudo, Charles L, Charlie Brown, o jovem Tenente Americano do bombardeiro B-17, a «fortaleza voadora» jamais esqueceria esse acontecimento que lhe poupou a vida. Encarregado de destruir uma fábrica nos arredores de Bremen, vira o seu «Ye Olde Pub» ser seriamente atingido pelo fogo dos caças e antiaéreas alemães. Com o sistema de navegação inoperativo, danos na fuselagem, proa e leme de profundidade, entrava cada vez mais em território inimigo, em vez de, conseguir orientar-se de regresso à Base Aérea de Seething, em Kimbolton, onde integrava o 379º Grupo de Bombardeiros.
Regressado aos Estados Unidos, Charlie Brown continuou os seus esforços no sentido de conseguir desvendar o mistério e o protagonista que lhe proporcionou salvar a sua vida, a dos artilheiros e da aeronave.
Em 1989, quarenta e seis anos depois deste marcante episódio, o Tenente-coronel Charlie Brown, conseguiu finalmente localizar o Piloto alemão e encontrar-se com ele, conjuntamente com os cinco elementos ainda vivos, graças ao raro acto de humanismo, coragem e abnegação do militar alemão.
Ocorreu nos Estados Unidos, no encontro anual da Associação do 379º Grupo de Bombardeiros e Charlie Brown e os seus camaradas puderam finalmente prestar tributo ao seu salvador, o piloto alemão Franz Stigler!
Mas também curioso nesta verídica narração é o facto de Franz Stigler ter emigrado para o Canada, após a 2ª Grande Guerra, em 1953 tendo-se fixado nas proximidades de Vancouver, onde se tornou num próspero homem de negócios. Aí vem a tomar conhecimento da notícia da odisseia do B-12, pilotado pelo Tenente Charlie Brown, que desesperadamente procurava desvendar o protagonista da Força Aérea Alemã.
Charlie Brown passou à Reforma em 1972, no posto de ten-coronel, vivendo em Miami.
Depois deste primeiro encontro os dois pilotos encontraram-se muitas vezes, frequentemente com audiências de militares, no Canadá e nos Estados Unidos.
Um dos últimos deu-se no Encontro anual da «Air Force Ball», em Setembro de 1955, em Maiami, onde os antigos «inimigos» foram homenagiados.
Franz Stigler faleceu em 22 de Março de 2008 com 93 anos de idade e Charlie Brown em 24 de Novembro, do mesmo ano, com 86.

(Fontes:http://www.snopes.com/military/charliebrown.asp e http://www.valorstudios.com/Franz-Stigler-Charlie-Brown.htm?gclid=CImtq8an5aACFVOY2AodTV0sNg )




segunda-feira, 29 de março de 2010

VOAR




Voar…
Eterna ansiedade
Que sobrevoa a memória
Emoção que faz história
Da vida... realidade
Que, p’ra nós, é glória
Fora ofício... liberdade!



P’ra trás fica o passado
No horizonte aventura
Voar
é nuvem... frescura
É ser, um ser... ser achado
Ser juventude... ser achado
Ser visão do alto... altura!



Crer ser mais que a terra dá!
Fugir... liberto da terra
Voar
alto... em outra esfera
Melhor sonho - esse? Não há!
Quem voa... nunca dirá:
Que na terra fica à espera!....

Dedicado à AFAP – Associação da Força Aérea Portuguesa.

sábado, 27 de março de 2010

VOAR ALTO



Voar alto
É sonho
É esperança
É viver o silêncio
das alturas
Ao procurar no azul
indescoberto
A sombra da sua própria
herança...



Envolto em coragem
de bravuras
Respirar o odor
da aragem
Em todo aquele longo
céu aberto
Com um sorriso ingénuo

de criança...

segunda-feira, 22 de março de 2010

QUIS VOAR

(Foto: João de Almeida Torto, enfermeiro, sangrador, barbeiro e inventor, a saltar da Torre, em Viseu, 1540. Museu do Ar, Sintra.)


QUIS VOAR!
Ser aventura
Fugir da terra dura
Ir mais além
do que se alcança
(sem se ver...)
Deixar a amargura!
Avançar
Sem parar
(e sem me perder!)
Tentar conhecer
Do Alto
o alto mar;
Das nuvens
o deserto;
Dos Céus
a terra,
a humanidade
(imensa!)
Sem dela
ficar perto!
Ser ansiedade
Sentir a imensidade
dos ares...
Pensar;
reflectir;
Seguir o norte;
fugir da morte!
Ver o Mundo
correr atrás
(de mim...)
Poder gritar
poder fugir;
sentir um ideal (...)
E dizer, bem alto,
(sem ninguém me ouvir)
Que sim!
Porque, afinal a VIDA
não tem fim!?
Poder dizer
que VOAR;
É felicidade;
É sentir
realidade;
É ser forte
vencer a morte;

É sonho;
É ilusão;
É liberdade;
(emoção!)
É poder
enfim
(morrer)
Por ter
alcançado
(um fim!)
(...) será?!
- como DEUS –
poder dizer,
(então:)
Que teve o Mundo na mão!...

quarta-feira, 17 de março de 2010

BEM ALTO

Bem queria ver
mais longe
que o Além!
Subir, bem alto,
onde jamais alguém
Voar subiu
ou se viu
(p’lo horizonte!)...


Ver do Alto
o mar;
a terra;
o Mundo
Do mesmo azul profundo
(em minha fronte)...
Ver todos e também
não ver ninguém!

domingo, 14 de março de 2010

RUMO INCERTO

Troco as nuvens
p’lo luar
Em noites
de solidão
Procurando
com o olhar
Perder-me
na imensidão...


Voo espaços
voo tempos
P’lo azul
profundo
Para afastar
meus lamentos
Das mágoas
tristes do mundo...


Já tão longe
sem parar
Num rumo certo
e incerto
Sem saber
o seu findar
E se estou longe
ou estou perto?!

sexta-feira, 12 de março de 2010

MINHA GALÁXIA

Temo do Universo:
A fúria dos astros
Um dilúvio de estrelas
Ou o fogo dos cometas...


Temo do Universo:
A escuridão da lua
A cegureira do sol
Ou o tremor dos planetas...


Temo do Universo:
O silêncio do vazio
A imensidão do infinito
Ou a guerra das estrelas...


De que Galáxia sou?
Qual o Mundo que é meu?
Em que Terra estou?
Afinal, quem sou eu?


Serei apenas um sopro de grão,
de um grão ao vento,
perdido na imensidão do tempo!


Serei um átomo de uma célula,
célula que no seu pequeno todo
afinal, não é nada!




Serei de uma folha ao vento (em ilusões)
árvore seca, sem nome e sem raíz
que ninguém pensará ser o resto d’um país,
ou gota de orvalho, apenas lágrima
escondida e perdida, sou!
entre milhões!?...

sexta-feira, 5 de março de 2010

ESTRELA DA ILUSÃO

Não vi no céu
a estrela da ilusão
Nem na aragem
o refrescar do desejo...
Senti apenas o aroma
de um beijo
Belo, cego e louco
de paixão.


Vi o desgosto
do passado inesquecido
E de tudo que foi
voando ao tempo...
O passado e mais tudo
levou o vento
E me transformou
num ser esquecido!

quarta-feira, 3 de março de 2010

MARAVILHA DO MUNDO

Que queres que sonho então
quando acordados
Se dormindo meus sonhos
se repetem?!
Por tãobelos;
profundos:
impensáveis
Da ausência (em bocado)
do pecado
Que nem sei s’alguém
jamais os sentem
Como carinhos
e ternuras
desejáveis!


São momentos de saudade
e d’esperança
Em sorrisos puros
de criança.
São ais:
são suspiros
liberdade
São afectos,
dos afectos da lembrança!


É o passado vivido
adormecendo.
É um sorriso constante
em alvorada.
Um despertar suave
da coisa amada
Lentamente aclarando
o amanhecendo!


É a tranquila paz
d’um sono fundo
No descanso terno
e justiçado.
É o futuro voando
p’lo passado...
Maravilha tal
que tem o Mundo!


Por tudo isto, senão,
direi então (...)
Que pouco ou nada haverá:
mais que o sonhar!
É como a vida fosse
só amar
E o corpo, de nós,
só coração!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

NOSSA SENHORA DO AR



Com o seu manto
imaculado
Sob o Céu azul
estrelado
De braços erguidos
aos Céus
E a CRUZ DE CRISTO
ao lado
- Orai, por nós
a DEUS!





As ASAS
DE PORTUGAL
Devotas
do Teu altar
Deu-mas DEUS
para voar
- Oh Nossa Mãe
imortal

“NOSSA SENHORA DO AR”!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

MÃE

Pela mão
do teu Santo redentor
SubisteMãe terna
em estranha dor,
Ao eterno Céu
suavemente...


Junta a tua alma
e o amor
À alma de meu pai
e teu Senhor,
Sob o etéreo véu
perpetuamente


Se Lá,
no gélido altar
O teu calor
resguardar
o pesar que me assiste
Ora, por mim,
com todo o teu fervor
e verás
(em cego olhar)
Mãe!
Um olhar cego e triste
a chorar
por ti,
(também)
eternamente!...

À minha Mãe – 9/6/1980