domingo, 22 de novembro de 2009

AS PORTAS DO CÉU

As portas do Céu
abrem-se de par em par...


Caminho descuidado
liberto do pecado
tranquilo
puro
fugindo do asilo da terra,
da inquietude do mar,
do pesadelo do passado;
olhando o céu
o futuro.


As cores garridas da vida
agora esmaecidas,
fundem-se sob um véu obscuro
encobrindo as dores sofridas
do Mundo
e, de degrau em degrau,
em alvorada
por eles me encaminho
no horizonte profundo
para o Além!


No alto
a Cruz, simbolo de Cristo,
luz que se ergue ao olhar
numa imagem de Belém,
numa Aleluia de Páscoa;
em que o mal
(por milagre)
se redime em bem!...


Então... a voar
não resisto
à esperança,
à fé,
à caridade;
e, numa visão
a sonhar
caminho,
pé ante pé
devagar
com segurança
tranquilo
confiante
na ETERNIDADE!

sábado, 14 de novembro de 2009

PRECE DE UM HERÓI



Meu Deus!
Eu não Vos peço
O reino da terra,
Nem o domínio dos mares,
Nem a imensidade celestial!


Eu não Vos peço - Senhor
A glória dos heróis,
Nem a fama dos sábio,
Nem a bondade dos santos!


Eu não desejo que me Dês
O que eu não mereça - Senhor


Não quero a eternidade da vida,
Nem a memória dos séculos!
Não quero o prazer,
Nem a dor,
Nem a guerra,
Nem a paz!


Quero apenas - Senhor
Que a luz do Céu
Me ilumine no caminho
Da honra,
Da fé,
E da coragem!...


Dedicado ao alferes pára-quedista MANUEL JORGE MOTA DA COSTA, morto em Angola – Bungo – em 8 de Maio de 1961.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O VOO MAIS LONGO

Naquela manhã…
Alegre
Esplendorosa
Sobre o cálido mar
No azul dos céus
De asas prateadas
Qual pássaro gigante
Se erguera
Num último adeus...


Tudo era calmo
Em seu redor:
A brisa costumada;
O céu azul;
O mar sereno
das praias de Luanda
Envoltas
Em tépido calor!...


Nisto!
Uma sombra negra
Surge no sul...
Não tardou
O estrondo!
A ave
Com a “CRUZ DE CRISTO”
Ornada
Jamais se fizera
Ouvir...


Duas vidas

Para o
“VOO MAIS LONGO”
Acabavam
De
Partir!...



(Acidente Aéreo em LUANDA – Mussulo- 29/5/1965)Ten.Pilav Aníbal Nunes de Magalhães e 2º Sarg. Pil Manuel Júlio Ferreira da Silva.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

DIA DO ARMISTÍCIO



Às 11 horas e 11 minutos, há 91 anos os combatentes em França concordaram em parar de lutar!

Este acto levou a Paz a uma Europa devastada pela guerra, que acrescentou fome, miséria e injustiça a muitos milhões de pessoas, que em muitos casos sentiram, na pele, a privação, o sofrimento e a dor!

As hostilidades iniciadas em 1914 arrastaram-se até 1918 e terminaram com a assinatura da Paz, o denominado Tratado de Versailles!

A Primeira Grande Guerra ou simplesmente Grande Guerra teve a participação de Portugal, num período crítico da sua História, caracterizado pela instabilidade política e vazio de poder que levou a uma situação de abandono das Tropas Portuguesas, concentradas no Corpo do Expedicionário Português - CEP, que se debatiam em condições difíceis e tenebrosas, especialmente nos campos da Flandres!

Muitos desses valorosos combatentes pereceram aí, lonje da sua Pátria e das suas gentes e foram sepultados no denominado Cemitério Português de Richbourg, em Armentières.

Na primavera seguinte, os campos da Flandres antes adubados com sangue, cobriram-se de vermelho...com milhares de papoilas, celebrando a seiva renascida dos que aí tombaram!

sábado, 7 de novembro de 2009

O VOO MAIS ALTO

Libertei-me dos elos rudes da terra
e vaguei sorrindo, em asas prateadas!...

Subi visando o sol, em louca correria
e achei-me, em sonho, entre nuvens doiradas
de alegria confundido!...


Voei...
Planei...
Amei meu sonho e de perdido
me achei!

Alto, bem alto,
Num silêncio que o sol acalenta,
repousei!

Segui o vento do destino
através da imensidade da aragem!

Voei...
Voei...
Mais alto
cada vez mais alto
e no azul profundo, delirante,
flutuei!

Lá, nas alturas,
onde o vento tem o aroma do infinito
e jamais cotovia alguma ou águia se acharam,
me achei!


Senti-me no vácuo!
Sem maldade;
sem agruras;
sem tristeza;
longe da terra
perto da certeza,
achei o deseto celestial...
o paraíso...

...então:
estendi meu braço;
olhei minha mão;
vi o rosto de Deus
e no Seu sorriso achei meu coração!...

domingo, 1 de novembro de 2009

O VENTO DIVINO

Voo pela estrada da vida
ainda consciente
e vivo
rumo ao túmulo dos mortos...


O vento Divino
sopra-me a alma
num zumbir
inqietante
de loucura:
- é o meu testamento!


Os halos do sol
iluminam-me o pensamento
de audácia e juventude:
longe da amargura:
dos desaires do Mundo;
da inquietude!


Como num sonho profundo
voo em direcção
à nuvem clara de esperança,
mas, sem esperança
condenado por acção da sorte
na missão guerreira:
- à morte!


Meu coração
saudade
que balança
palpitante
e não se cansa
por alcançar, na vida
o poente
da humanidade!


Levo comigo
a flor da cerejeira
E canto
o Hino do “Sol Nascente”
nesta longa viagem:
a derradeira,
a caminho da ETERNIDADE!...