quarta-feira, 8 de setembro de 2010

OS "LUSÍADAS" E AS FORÇAS ARMADAS

À Marinha

Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu são cortadas.

(Do Canto I – XIX)



Ao Exército

Mas já o Príncipe Afonso aparelhava
O Lusitano exército ditoso,
Contra o Mouro que as terras habitava
De além do claro Tejo deleitoso;
Já no campo de Ourique se assentava
O arraial soberbo e belicoso,
Defronte do inimigo Sarraceno,
Posto que em força e gente tão pequeno.

(Do Canto III – XLII)



À Força Aérea

Vistes que, com grandíssima ousadia,
Foram já cometer o Céu Supremo;
Vistes aquela insana fantasia
De tentarem o mar com vela e remo;
Vistes, e ainda vemos cada dia,
Soberbas e insolências tais, que temo
Que do Mar e do Céu, em poucos anos
Venham deuses a ser, e nós, humanos.

(Do Canto VI – XXIX)