quarta-feira, 23 de junho de 2010

JÁ FOMOS... CABO NÃO!


Já fomos… Cabo Não!...
...
Depois de tantos tormentos
Chegámos à Boa Esperança
Na Era - “DESCOBRIMENTOS”!...
E do Império d’Então
Viveremos, hoje, lembrança!
...
Resta-nos a herança
De vivermos a solidão
dos mares
dos céus
e dos ventos...
Perdido d’um ideal
Achado, entre lamentos,
o nome de PORTUGAL!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

DIA DE PORTUGAL_Homenagem a um herói!








Neste dia 10 de Junho, Dia de Portugal, decorreu também, o XVII Encontro Nacional dos Combatentes.
O evento iniciou-se com uma Missa, às 10H15 na Igreja de Santa Maria, do Mostreiro dos Jerónimos, em Belém, por intenção de Portugal e de sufrágio pelos que tombaram pela Pátria. A celebração esteve a cargo do pároco de Santa Maria de Belém e teve a colaboração do «Coral Arautos do Evangelho» e do Terno de Clarins da Guarda Nacional Republicana.
Seguiram-se as comemorações junto ao Monumento aos Combatentes.
Essa comemoração singela, mas de elevado sentido patriótico, procurou agregar todos os cidadãos, independentemente da idade, credo, raça ou ideologia política, numa manifestação de amor à sua Pátria e em homenagem a todos aqueles que tombaram ao seu serviço.
O acontecimento deste ano, presidido pelo Almirante Vidal de Abreu, foi marcado pela homenagem ao Comandante Oliveira e Carmo, Herói de Diu, que como comandante da Lancha “Vega”, tombou heroicamente em combate, com alguns dos seus subordinados, em 18 de Dezembro de 1961.
Após a descrição dos acontecimentos, usou da palavra a Senhora Dona Maria do Carmo Oliveira e Carmo, que na presença de familiares, e exortando a figura do militar e marido, realçou o suporte de rectaguarda que, orgulhosamente, é vivido em silêncio pelos familiares dos combatentes, alimentado pelos mesmos valores de amor à Pátria!

Porque seu exemplo, que se inscreve nos valores que defendo neste meu Blog, considero da mais elementar justiça vergar-me perante a grandeza moral do comandante Oliveira e Carmo, deixando aos meus leitores o curriculo desde herói nacional, que transcrevi do folheto editado pela Comissão Executiva, para este evento:


« HISTÓRIA BREVE DE UM HERÓI
SEGUNDO -TENENTE OLIVEIRA E CARMO

Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo nasceu em Santo Estêvão, Concelho de Alenquer, em Setembro de 1936.
Concluiu o curso secundário no Liceu Pedro Nunes em 1954, tendo ingressado na Escola do Exército em Outubrodo mesmo ano para efectuar os estudos preparatórios ao ingresso na Escola Naval.
Promovido a Guarda-marinha em 1 de Maio de 1958, embarcou em vários navios, tendo também prestado serviço na Superintendência dos Serviços da Armada e no Comando da Flotilha de Patrulhas. Foi promovido a Segundo-Tenente no último dia daquele ano.
Serviu a bordo dos patrulhas "Boavista" e “Porto Santo” e na fragata “Pêro Escobar”, onde o seu elevado brio, o seu inquestionável sentido das responsabilidades e do dever e o seu exemplar aprumo militar foram alvo dos maiores elogios. Nomeado comandante da lancha de fiscalização “Vega”, a prestar serviço em Diu, para ali partiu no Verão de 1961.
Naquele território, à semelhança dos restantes que faziam parte da India Portuguesa, pairava desde há muito a ameaça de anexação pela poderosa União Indiana. A temida invasão acabaria por se concretizar, de forma esmagadora, na madrugada de 18 de Dezembro de 1961. O combate extremamente desigual que se desenrolou constituiu o ponto culminante da curta carreira de Oliveira e Carmo, que no seu abnegado heroísmo viria a escrever uma das mais gloriosas páginas da nossa História Naval.
O COMBATE
Tendo saído de Diu em 17 de Dezembro, a "Vega" fundeou frente a Nagoá às 22HOO desse dia. Na madrugada do dia 18, por volta das 01H40, foram ouvidos tiros em terra
pela praça de serviço. Alertado, o Comandante manda ocupar postos de combate e suspender*.
Dirigiu-se então a lancha na direcção de um contacto radar não identificado que navegava acerca de 12 milhas da costa. Por volta das 04HOO, esse navio, visualmente identificado como um cruzador, lançou granadas iluminantes e abriu fogo de metralhadora pesada sobre a “Vega", que retirou para Diu e fundeou.
Ás 06H15 suspendeu e aproximou-se novamente do cruzador, onde foi vista, içada no mastro, a bandeira da União Indiana. A lancha regressou ao fundeadouro e Oliveira e Carmo fardou-se de branco para, segundo afirmou, morrer com mais honra.
Às 07HOO foram avistados aviões a jacto efectuando bombardeamento sobre terra. O Comandante reuniu a guarnição e leu-lhes as ordens do Estado-Maior da Armada, segundo as quais a lancha deveria combater até ao último cartucho.
Cerca das 07H30 aproximaram-se dois aviões para bombardear a Fortaleza e Oliveira e Carmo mandou abrir fogo sobre eles com a peça de 20 mm (um dos aparelhos acabaria por ser atingido e obrigado a aterrar). Estes, naturalmente, ripostaram. Agilmente manobrada pelo seu comandante, a “Vega” esquivou-se às primeiras rajadas.
No entanto, um novo ataque desta vez com fogo cruzado matou o marinheiro artilheiro António Ferreira e cortou pelas coxas as pernas de Oliveira e Carmo que, ainda com vida, retirou do bolso e beijou as fotografias da mulher e do filho pequeno. Deflagrara entretanto um violento incêndio que rapidamente se propagou à casa da máquina e à ponte. A peça foi abandonada, em virtude do seu reduto se ter tornado intransitável devido aos buracos causados pelos projécteis inimigos e pelo incêndio, que já grassava no convés.
A guarnição tentou então arriar a bote para evacuar o Comandante, mas um novo ataque aéreo feriu mortalmente Oliveira e Carmo, tendo também sido atingidos três marinheiros (um deles, marinheiro artilheiro Fernandes Jardino, com a perna esquerda cortada pela canela, viria a falecer no trânsito para terra).
Com o bote inutilizado e a lancha completamente tomada pelas chamas, viram-se os sobreviventes obrigados a nadar em direcção aterra, agarrando-se os feridos a uma balsa. Sacudida pelas explosões das suas próprias munições, a “Vega” acabaria por se afundar, arrastando consigo o corpo do seu heróico Comandante.
Oliveira e Carmo foi, a título póstumo, condecorado com a Medalha de Valor Militar com Palma, agraciado com o grau de Comendadorda Ordem Militar da Torre e Espada e promovido por distinção ao posto dê Capitão-Tenente.
Foi patrono do curso 1962/1967 da Escola Naval.


* Levantar o ferro»